Que grandes empresas não dão a mínima para clientes, qualquer um sabe. A consequência desse não se importar com os consumidores desemboca no desprezo com o idioma. No dia 24 de dezembro de 2020, o Google estampou em sua página inicial “siga a jornada dele mundo a fora”. No dia 24 de agosto deste 2021, a tela do Windows continha o trecho “de animas únicos à atrações turísticas”. Ontem (26/08/21), enquanto eu assistia à partida entre Fluminense e Atlético/MG, chamada do SporTV exibiu na tela a palavra “Groênlandia”.
Num país em que pessoas aprovam a gasolina custar sete reais, aprovam um presidente imbecil, ditatorial e genocida e aprovam um ministro da economia que não vê problema em o custo da energia aumentar nem em atirarem restos de comida para os pobres, é natural que desleixo com o idioma não seja percebido; se for, esse desleixo é encarado como desimportante. O descuidado com o português é sintoma de um país esculhambado que não capricha em nada. De professores a advogados, passando por juízes, empresários e “coaches”, usa-se uma linguagem que parece querer se articular, mas que acaba transmitindo algo diverso do que era a intenção.
Qualquer idioma é muito difícil, todo mundo erra ao lidar com palavras. Contudo, o que há em parte do Brasil é preguiça, desinteresse em aprender, não preocupação com o acerto; no caso de grandes empresas, nem contratam revisor. Uma parcela do país é burra, negligente, imediatista. Essa parcela adora falar bem do capitalismo, mas não tem a básica inteligência de perceber que dar resposta a e-mails pode atrair clientes. Escrever mal e falar mal são consequências do modo de ser de uma multidão que exibe com orgulho tacanho a ignorância, por não ter a coragem e o ânimo para buscar o conhecimento. Uma parte do Brasil é um país covarde, pobre e pusilânime, usando disfarce de civilidade.
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