sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Água cadente

A sede não tem fim:
no país dos alimentos envenenados,
querem privatizar a água.

Os que já morrem famintos
morrerão de sede.
Os que já morrem sedentos
morrerão de sede.

A carne é cara,
o combustível é caro,
a água será cara.

Na líquida meritocracia,
ricas taças em mãos
que empunham látegos
invisíveis e eficazes.

Na sólida sarjeta,
a sede de um homem
ergue, com fome,
os lábios para o céu,
bebendo da água
que cai para todos. 

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