O presidente Jair Bolsonaro voltou a defender ontem a indicação de Eduardo Bolsonaro para a embaixada do Brasil nos Estados Unidos. Disse Bolsonaro, o pai: “Se puder dar um filé mignon para o meu filho, dou” (nesse caso, o filho não estaria mais envolvido com hambúrgueres, como ele, filho, disse que esteve, mas com filé mignon). Disse ainda o pai que pretende “beneficiar o filho, sim”. Depois, voltou ao filé mignon: “Mas não tem nada a ver com filé mignon essa história aí”, para então afirmar, com tautologia, que a intenção é aprofundar relações com os Estados Unidos.
Bolsonaro, o pai, disse que “não é nepotismo” indicar o filho para o cargo na embaixada. Uma das definições de “nepotismo”, segundo o Houaiss, é esta: “Favoritismo para com parentes, especialmente pelo poder público”. O presidente agora não admite dar o nome certo ao ato de indicar o filho dele para a embaixada. Para os eleitores de Bolsonaro, o pai, que não gostaram da indicação de Bolsonaro, o filho, para o cargo diplomático, a justificativa de Bolsonaro, o pai, foi esta: “Quem diz que não vai mais votar em mim, paciência”.
Esse mesmo presidente nepotista é o campeão do fisiologismo (a “nova” política) quanto à relação com deputados para a aprovação da reforma da previdência. O mesmo presidente que se vale de filé mignon como metáfora para justificar o nepotismo para com o filho dele é o presidente que apoiou uma previdência que, dentre outros descalabros, propunha que um cidadão recebesse quatrocentos reais por mês. Liguei para um açougue e perguntei o valor do quilo de filé mignon. “Quarenta e quatro reais”, informou-me a funcionária. Com os quatrocentos reais da aposentadoria que foi apoiada por Bolsonaro, daria para ele comprar nove quilos de filé mignon para o filho indicado à embaixada.
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