O comunicado (estampado nesta postagem) que o ministério da educação publicou contra Lauro Jardim, há alguns dias, tem dois problemas; um deles é feio, levando-se em conta que se trata do ministério da educação; o outro é muito grave, levando-se em conta que se trata do ministério da educação. O erro feio é o português sofrível do texto; o erro grave são as mentiras, desmentidas posteriormente não somente por Lauro Jardim. O comunicado do MEC tem ainda uma questão estética: ele é todo escrito em caixa alta, que é o correspondente gráfico do grito. O MEC não adotou apenas uma estética de gosto duvidoso: ele emitiu uma nota redigida por alguém que não sabe escrever, publicou-a sem que ela passasse por um revisor e, pior do que isso, mentiu.
A mais recente lambança do ministério foi a carta enviada para as escolas; pedia-se que o hino nacional fosse executado e que os alunos fossem filmados durante a cantoria do símbolo nacional. A missiva é um festival de arbitrariedades contra a constituição: abandona a laicidade e, contrariando os princípios da impessoalidade, ostenta bordão de campanha política; há mais: atenta contra leis de uso de imagem e de privacidade. Uma nova carta será enviada às escolas.
O ato em si de cantar o hino nacional não é sintoma de amor ao país. Há muito sonegador estufando o peito e entoando de modo pungente (essa palavra é muito feia) os versos de Joaquim Osório Duque-Estrada e a música de Francisco Manuel da Silva. Nessa mixórdia, eu me lembrei da letra da canção: “Vamos cantar juntos o Hino Nacional / A lágrima é verdadeira”.
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