domingo, 24 de fevereiro de 2019

Ainda a reforma da previdência

Segundo informa a Folha de S.Paulo, uma das consequências da reforma da previdência será a seguinte: vai incentivar os jovens, especialmente os menos qualificados, a aceitar trabalhos com menos direitos. Na mesma matéria, Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos), disse haver o risco de que “muitos cheguem aos 60 anos sem trabalho e não tenham uma proteção contra a pobreza”.

O tal do mercado está exultante, pois sabe que a reforma será aprovada. Sabe também que ela tem de ser aprovada mais rapidamente, ciente de que alguma hecatombe possa ocorrer no governo federal, o que dificultaria a aprovação. Empresas, grandes ou não, estão interessadas nessa aprovação, exatamente por, dentre outras razões, terem de arcar com menos obrigações trabalhistas.

Para o trabalhador, a regra é simples: ele terá de trabalhar mais com menos direitos. Dentre outras desumanidades, o texto da reforma da previdência prevê, por exemplo, que uma pessoa entre sessenta e sessenta e nove anos pode receber quatrocentos reais por mês, sendo que esse valor não está ligado a nenhum indexador, o que pode fazer com que, daqui a algum tempo, esses quatrocentos reais podem equivaler a cem.

No entanto, diga-se, quando em campanha, o atual governo nunca sinalizou que estava preocupado com pobres (nem com negros, com homossexuais, com índios, com árvores). O que o então candidato havia dito é que era contra a reforma da previdência. Não me surpreende ele ter mudado de ideia, pois a reforma é deletéria em relação aos pobres. Seria estranha uma atitude dele que favorecesse algum lado mais fraco das relações sociais. A compra de votos de parlamentares já começou. Para fechar, um lembrete: grandes empresas devem quatrocentos e cinquenta bilhões para a previdência. 

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