terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Peça teatral em um ato

O Comandante — Prestem atenção. Serei breve. Quem gostou da rapidez do nosso amado comandante lá em Davos vai gostar mais ainda desta reunião. Primeiro: universidade é para uma elite. Certas coisas, a gente varre pra debaixo do tapete; certas coisas, a gente cobre de lama...

Um dos comandados — Mas...

O comandante — Eu não dei autorização pra ninguém falar. Se houver barragem, a gente chama um soldado e um cabo. Eles resolvem; isso é tranquilo. Mas se não resolverem, sem problema: a gente chama milícias. A gente vai liberar o desmatamento; o mundo já tem árvores demais. Vai ficar tudo legal; vamos flexibilizar a lei.

O mesmo comandado que já havia tentado falar — Senhor, mas a elite também respira.

(Nesse momento, as moléculas do ambiente ficam estáticas. O estômago de um dos burocratas dá volteios — que o diretor se vire para inserir isso na peça.)

O comandante — Depois da reunião, me procure em meu gabinete. Garanto que sua respiração não será a mesma quando você sair de lá. Reunião encerrada. Voltem ao trabalho.

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