Embora, ao longo dos séculos, os detentores do poder tenham se valido de diferentes estratégias, um dos objetivos continua o mesmo: varrer os pobres para debaixo do tapete. Com o advento da República, por exemplo, no Rio de Janeiro, houve o bota-abaixo, que teve como consequência o deslocamento de milhares de pobres das áreas centrais para locais de difícil acesso. A intenção era correr com os pobres para que dessem lugar a largas avenidas, no projeto de urbanização da época. Recentemente, foi a vez de João Doria tentar afugentar pobres do centro de São Paulo. O “modus operandi”? Contratar empresa para jogar água fria nos mendigos que estivessem dormindo nas calçadas.
No Rio de Janeiro do século XXI, com suas largas avenidas, a ocupação da cidade pelo exército é teatro sinistro que, se prender, prenderá os de sempre — negros, pobres. Não há cerco contra poderosos corruptos, apenas contra pobres, não importa se desonestos ou honestos. Dândis ricos continuarão a comercializar e a cheirar a cocaína deles em helicópteros. Ricos (ou os que se acham ricos) podem circular ou voar ou cheirar à vontade.
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