As coisas não ditas dariam livro.
As coisas não feitas dariam vida.
Eu poderia escrever um novo “Tabacaria”.
Não há como, pois não sou um novo Álvaro de Campos.
Meu não realizado não se realizará num poema.
O não dito que daria livro,
o não feito que daria vida,
eu sou pleno deles.
Não tenho um “Tabacaria” em meu passado,
não tenho uma vida rica em meu currículo.
Meus sonhos e devaneios não me redimem.
O que fica de mim é a memória, não a quimera.
O que em mim é ato é feito de pequenos gestos.
São eles o meu legado.
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