segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Sem amor

Embora o amor carnal e seus desdobramentos seja temática em grande parte da literatura, ele não é imprescindível para que haja um grande livro. Penso em “Viagens de Gulliver” e em “Moby Dick”. Ainda que se alegue que em “Moby Dick”, logo no começo da história, tenha havido contato físico entre o narrador e o personagem Quiqueg, o que houve na estalagem não foi a edificação de uma relação amorosa no sentido de se construir algo ao longo do tempo. Foi uma cena no enredo; mesmo tendo sido uma cena que suscite dúvidas e cogitações, isso não faz com que o livro tenha um enredo romântico, não importa o sentido que se dê ao termo “romântico”. “Viagens de Gulliver”, com sua galhofa amarga, e “Moby Dick”, com sua elevada cogitação metafísica, são obras destituídas de amor. 

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