O fascínio que sempre tive pelos trabalhos de M.C. Escher tem aumentado ao longo dos tempos. Sempre que volto a contemplar a obra dele, a pergunta que me vem é: “Como é que esse cara conseguia fazer isso?”.
Escher é uma espécie de matemática e de geometria ilustradas. Mas noções de perspectiva e de lógica se desfazem, ao mesmo tempo em que ele se vale delas. O artista faz com que perspectivas e simetrias se tornem arte. Enquanto remete a um universo matematizado, cria realidades que desafiam as leis matemáticas e físicas criadas para explicar a natureza.
Diante de um trabalho de Escher, o olhar, ao se deparar com figuras matemáticas, logo quer achar a verossimilhança e a confirmação da ordem natural. Todavia, à medida que os olhos vão percorrendo os trabalhos, a lógica da geometria vai se desfazendo, e o espectador vai descortinando um mundo de ilusões de ótica, de impossibilidades, como se diante de um universo não regido pelas leis que regem este universo aqui.
Escher materializa um mundo que nossa lógica não aceita. A geometria dele cria uma realidade intrincada. Uma arte bi ou tridimensional, mas que cria planos e planos que se entrelaçam, que se encontram, que se voltam para si mesmos e que são impossíveis de existir na prática, o que acaba sendo expressão de um dos grandes poderes da arte: criar o que não existia.
A princípio, o cérebro procura a lógica com que estamos acostumados, mas não a acha. Não a achando, embarca num jogo fascinantemente lúdico que acaba remetendo à falta de lógica que se tem, por exemplo, em “Alice no país das maravilhas”. Escher, em formas que o olhar de imediato reconhece, cria um universo que as leis científicas não reconhecem.
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