Ninguém é o que parece ser. Parece-me que esse pensamento define a essência de “Beleza americana” (1999), do diretor Sam Mendes; Alan Ball é o roteirista. Quando o filme foi lançado, antes mesmo de o assistir, era fácil nutrir a expectativa de que seria um filmão, pois um título assim só poderia ter uma ironia amarga.
Na primeira vez em que o conferi, não me ocorreu o quanto a cor vermelha está presente no filme, seja num buquê, num vestido, numa porta; essa cor e tudo o que ela possa simbolizar. O tom de vermelho em “Beleza americana” é vivo, escuro, fazendo lembrar a cor de alguns vinhos ou a do sangue. Toda essa vivacidade contrasta com o tom desbotado das vidas dos personagens.
Eles são tão miseráveis que quase sentimos pena deles. São existências monocórdias e emperradas buscando algo que não seja fingimento social. Ninguém é santo; ninguém é diabo. Pode-se considerá-los desequilibrados, mas há neles nuances e sutilezas que não os fazem cair em maniqueísmos fáceis e reducionistas. São pessoas “somente” tentando ser felizes, por mais elusivo que o conceito de felicidade possa parecer.
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