Não faltam grilhões: o trabalho não desejado, o Estado, as religiões, as ideologias. Somos todos barrados, limitados, impedidos; estamos cercados. Em meio a sistemas, o corpo de cada um. O corpo e a capacidade de amar que pulsa sob a pele. Em maior ou menor grau, somos todos adestrados. Ainda assim, subjaz em cada um o poder e a vontade do corpo.
Um dos desejos do corpo é a vontade de amar. Vontade que desestabiliza sistemas, pessoas — se o indivíduo não souber lidar com a energia que seu corpo tem. O corpo é selvagem, não quer saber de regras. Felizes os que sabem escutar seus apelos, os que não são arruinados pelos mecanismos que insistem em domar, canalizar para atividades laborais ou sublimar, seja como for, o que temos de energia.
Num mundo em que somos tão cerceados, vigiados e esquadrinhados, muitas pessoas nunca ficam sabendo que são o amor em movimento, em potencial, em latência. Amor: sexo, inteligência, delicadeza, confiança, arte, cumplicidade, força. O amor é uma possibilidade de se tentar alguma libertação. O corpo é talhado para o amor; o amor quer um corpo; este quer amar.
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