Padeço de mania de lógica. Há nisso algo que me parece mais hábito e treino do que essência. No que produzo, insisto na lógica, em as coisas fazerem sentido, em fazer com que sejam inteligíveis. Todavia, exagero. Só que estou acostumado a fazer as coisas com essa abordagem; não consigo dela me desvencilhar quando vou escrever ou quando vou fotografar.
Essa luta excessiva pela inteligibilidade começou na adolescência. Como tenho quarenta e cinco, estou pelo menos há uns trinta anos labutando para inserir sentido, coerência e lógica em tudo que cismo de criar. As vantagens dessa abordagem são evidentes; seria inconsequência entregar-me somente a patuscadas plenamente destituídas de sentido. Em contrapartida, nunca deixei de ter em mim que tenho busca exagerada pelo que faz sentido.
Nem sempre as coisas precisam ter sentido. Nada tira de minha cabeça que acabo tolhendo minha imaginação, de tanto buscar o que é lógico, sensato, calculado, medido, pesado. Peco por exagero de sistematizações. Não consegui achar equilíbrio entre imaginação e rigor mental. Sou seduzido demais pelos dois; acabo me entregando a apenas a um.
Tenho fascínio pelos prodígios que a imaginação é capaz de dar à luz. Sei apreciar o que não faz sentido (ou que pelo menos parece não fazer). O que não sei, talvez devido à minha mania de lógica, é criar o que não faz sentido (ou que pelo menos parece não fazer). Dando a ela tratamento de adulto, como resgatar aquela imaginação tão pródiga que tive na infância?
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