Só recentemente assisti a “Espanglês” (Spanglish, 2004), do diretor James L. Brooks, que também é o roteirista do filme, o qual é leve, divertido. Todavia não deixa de ser reflexivo e de carregar uma nota de tristeza ante as decisões que a vida nos leva a tomar.
A belíssima Paz Vega interpreta Flor Moreno. Ela deixa o México e vai para os EUA com a filha Cristina, interpretada por Shelbie Bruce. Flor acaba indo trabalhar na casa de John Clasky (Adam Sandler), casado com Deborah Clasky (Téa Leoni). Com Flor, posteriormente, vai a filha dela. John e Deborah têm como filhos um casal de crianças. Também vive com eles a mãe de Deborah, Evelyn, interpretada por Cloris Leachman.
Flor não fala nada de inglês, o que acaba gerando situações divertidas, em função da convivência que ela precisa ter com a família. Antes que ela começasse a tentar aprender o idioma, era auxiliada pela filha, que era a intérprete entre Flor e a família Clasky.
A despeito das neuroses de Deborah e da paciência de John em tentar lidar com elas, o que me chamou a atenção foi mesmo a delicada relação que vai se formando entre John e Flor. Em meio às piadas, tiradas e situações cômicas do roteiro, o que impede “Espanglês” de ser “simplesmente” uma comediazinha romântica são a atuação de Paz Vega e o desfecho do filme.
Há momentos em que Flor olha para John de um modo muito apaixonado e terno, ao mesmo tempo em que se esforça para não deixar transparecer o que sente por ele; essas cenas são o ponto alto do filme. Em determinado ponto, John a leva para o restaurante dele (ele é “chef”), quando o estabelecimento já está fechado. Numa bela metáfora que expressa o estar dividido entre o sonho e a realidade, os pés de Flor se recusam, inicialmente, a tocar o chão, enquanto ela e John estão acomodados num dos móveis do restaurante.
Quando o filme já está quase terminando, é Deborah quem diz a Flor uma frase muito forte. Algo assim: “Eu vivi inteiramente para mim mesma; você vive inteiramente para sua filha. Nós duas estamos erradas”. “Espanglês” é uma daquelas produções que misturam peso e leveza; ou um daqueles filmes em que a leveza não impede que haja reflexões acerca das decisões que somos “obrigados” a tomar.
Para terminar, permitam-me um comentário pessoal sobre Paz Vega: que mulher sensual! Ela me lembrou Nimrat Kaur, que interpreta Ila no filme “The lunchbox”, que também já comentei. Tanto Paz Vega em “Espanglês” quanto Nimrat Kaur em “The lunchbox” vestem figurinos simples mas, que, se observados, não deixam de sugerir a sensualidade das atrizes.
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