Mariana era só conduta protocolar.
Carimbos, papéis, atas.
Em tédio citadino,
seguia a pé rumo
ao ponto de ônibus.
De repente,
Mariana se permite parar.
De um bar,
vem a canção.
Mariana para.
Primeiro, escuta;
depois, move,
de modo milimétrico,
o tronco.
Milímetros querem
se tornar centímetros.
Mariana teima, reluta.
Vêm os centímetros.
Ela sente que o corpo
não quer ônibus,
mas dança.
Foi quando se rendeu.
Papéis inúteis saíram
dos braços de Mariana,
tomaram conta do espaço.
Até hoje, estão dançando.
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