terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Dança urbana

Mariana era só conduta protocolar. 
Carimbos, papéis, atas.
Em tédio citadino,
seguia a pé rumo
ao ponto de ônibus.

De repente,
Mariana se permite parar.
De um bar,
vem a canção.
Mariana para.
Primeiro, escuta;
depois, move,
de modo milimétrico,
o tronco.

Milímetros querem
se tornar centímetros.
Mariana teima, reluta.
Vêm os centímetros.
Ela sente que o corpo
não quer ônibus,
mas dança.

Foi quando se rendeu.
Papéis inúteis saíram
dos braços de Mariana,
tomaram conta do espaço.
Até hoje, estão dançando. 

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