segunda-feira, 19 de outubro de 2015

UMA PALAVRA EM MINHA VIDA

Na primeira metade da década de 90, mantive, no jornal Correio de Patos, semanário que então circulava em Patos de Minas, um espaço intitulado Letras e Músicas. A intenção, como o nome já deixava entrever, era fazer uma coluna que fosse um misto de literatura e de música. No jornal que circulou no dia dezesseis de abril de 1994, publiquei a seguinte nota:

“— Nonada. Tiros que o senhor ouviu foram de briga não. Deus esteja”. Assim João Guimarães Rosa inicia “Grande Sertão: Veredas”. Dostoiévski também se valeu da palavra nonada no seguinte trecho do livro “A Casa dos Mortos”, tradução de Fernanda Pinto Rodrigues: “Por uma coisa séria, ou por um nonada, zás, me surravam”(...).

No sábado (17/10/2015), eu me deparei novamente com a palavra “nonada”; dessa vez, no “Lazarillo de Tormes” (publicado em meados do século XVI), livro cuja autoria é desconhecida. Logo no terceiro parágrafo da obra, diz o narrador: “Y todo va desta manera; que, confesando yo no ser más santo que mis vecinos, desta nonada, que en este grosero estilo escribo, no me pesará que hayan parte y se huelguen con ello todos los que en ella algún gusto hallaren, y vean que vive un hombre con tantas fortunas, peligros y adversidades”. 

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