Na primeira metade da década de 90, mantive, no jornal Correio de Patos, semanário que então circulava em Patos de Minas, um espaço intitulado Letras e Músicas. A intenção, como o nome já deixava entrever, era fazer uma coluna que fosse um misto de literatura e de música. No jornal que circulou no dia dezesseis de abril de 1994, publiquei a seguinte nota:
“— Nonada. Tiros que o senhor ouviu foram de briga não. Deus esteja”. Assim João Guimarães Rosa inicia “Grande Sertão: Veredas”. Dostoiévski também se valeu da palavra nonada no seguinte trecho do livro “A Casa dos Mortos”, tradução de Fernanda Pinto Rodrigues: “Por uma coisa séria, ou por um nonada, zás, me surravam”(...).
No sábado (17/10/2015), eu me deparei novamente com a palavra “nonada”; dessa vez, no “Lazarillo de Tormes” (publicado em meados do século XVI), livro cuja autoria é desconhecida. Logo no terceiro parágrafo da obra, diz o narrador: “Y todo va desta manera; que, confesando yo no ser más santo que mis vecinos, desta nonada, que en este grosero estilo escribo, no me pesará que hayan parte y se huelguen con ello todos los que en ella algún gusto hallaren, y vean que vive un hombre con tantas fortunas, peligros y adversidades”.
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