domingo, 10 de maio de 2015

EM SALA DE AULA







Uma boa aula tem sobre o espírito o mesmo efeito de uma boa leitura: ambas são inspiradoras. Ontem à tarde, no Unipam, depois de três horas de aula com o professor Luís André Nepomuceno, pós-doutor em teoria literária pela Unicamp, saí inspirado.

Ele começou ontem o curso de extensão “Literatura e Psicanálise”; a continuidade será no dia vinte e três de maio. Segundo material distribuído pelo professor, os objetivos do curso são “analisar os conceitos fundamentais da psicanálise freudiana, como forma de identificá-los com uma teoria crítica da literatura” e “aplicar conceitos da psicanálise na leitura de textos literários diversos”.

Na aula deste nove de maio, Luís André fez uma introdução às ideias que precederam a psicanálise, tendo sempre em mente o ambiente histórico que produziu tais ideias. A seguir, conceitos fundamentais da psicanálise foram expostos, sempre com o viés histórico em mente. Numa terceira etapa, e à luz do que havia sido debatido durante a aula, foi lido o poema “Coleção de cacos”, de Carlos Drummond de Andrade. Para a aula de vinte e três de maio, além de produções drummondianas, estão programadas discussões de textos de Aníbal Machado, de Hans Christian Andersen, dos irmãos Grimm e de D.H. Lawrence.

Luís André Nepomuceno tem profícua trajetória acadêmica; vem se dedicando ao ensino, à pesquisa, à tradução e à escrita de ensaios. Paralelamente, é ficcionista, tendo publicado contos e romances pela 7Letras. Ele foi meu professor (de literaturas inglesa e americana) por dois anos; posteriormente, eu seria colega de trabalho dele no Unipam.

Por algumas vezes, em conversas com o Luís André, eu me vali do adjetivo “industrioso” para me referir à postura dele diante do mundo das palavras, sejam elas textos acadêmicos, sejam textos ficcionais. Ele produz muito. Como professor, o didatismo dele é do tipo que não tira nem a beleza nem a profundidade do que está sendo estudado. Consciente de seu papel de docente no ensino superior, oferta, com seu jeito diplomático de conduzir as relações em sala de aula e com sua cultura, momentos em que a beleza do conhecimento toma conta do ambiente. 

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