quarta-feira, 25 de março de 2015

PROCURA-SE UM PROFESSOR DE MOHAWK

Li um artigo na New Yorker sobre idiomas que estão desaparecendo. Um deles é o Mohawk, ainda falado nos EUA. Como ocorre com frequência em línguas antigas, há construções poéticas que são ditas de modo mais sucinto em outros idiomas.

Segundo a New Yorker, no Mohawk, o “eu”, por si, não se sustenta; a primeira pessoa do singular é sempre parte de uma relação. Assim, não diriam “eu estou doente”, mas, sim, “a doença veio até mim”. Ainda de acordo com a revista, no Mohawk, se um homem é pai de uma criança, ele empresta a ela a vida dele.

O próprio inglês tem uma construção bonita: se a pessoa morre e deixa, por exemplo, duas crianças, dizem “she is survived by two children”. Literalmente, “ela é sobrevivida por duas crianças”.

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O amigo Frederico Sousa, que é professor de latim, enviou-me e-mail comentando esta postagem. Abaixo, o que o Fred escreveu.

“Li agora há pouco seu texto sobre a língua Mohawk e sobre o ‘eu’. No latim também há estrutura semelhante. Os latinos usavam Ego habeo duos filios (eu tenho dois filhos), por exemplo, que é menos usual, diga-se. Utilizavam também, e muito, da estrutura Duo filii sunt mihi, que literalmente é ‘dois filhos existem para mim’, mas que se traduz por eu tenho dois filhos”. 

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