O Vladimir Safatle, da Folha de S.Paulo, publicou ontem um texto em que mencionou o conservadorismo das campanhas de Aécio, Dilma e Marina no que diz respeito a costumes. Safatle se referia a assuntos como aborto e casamento entre pessoas do mesmo sexo. Em sua coluna, o autor ainda faz referência a Gregorio Duvivier, que, em texto publicado anteontem, disse que nestas eleições há “pastor demais e maconha de menos”, referindo-se à falta de debate em torno de tópicos considerados polêmicos por conservadores. Duvivier, em seu artigo, sugere que “ateus, maconheiros, vagabundas, pederastas, sapatões e travestis” se unam, alegando que o lado de lá, o lado dos conservadores, está “bem juntinho”.
Tanto o texto de Safatle quanto o de Duvivier quase que inevitavelmente nos levam a refletir sobre a hipocrisia. O dicionário Aulete, em sua versão digital, tem a seguinte definição para “hipócrita”: “Que simula ter uma qualidade ou sentimento que não tem, ou finge ser verdadeira alguma coisa (sabendo que não o é)”. Safatle ilustra bem a questão: “Se a filha adolescente do deputado conservador engravidar sem querer ele será o primeiro a aparecer por lá [clínica de aborto]. O que é proibido no Brasil é reconhecer tal prática”.
Nem toda conservadora já abortou, nem todo conservador se enriquece às custas do dinheiro de ingênuos fiéis. Mas nem Aécio nem Dilma nem Marina conseguiriam se eleger sem o voto dos conservadores, o que mostra a obsolescência de nossa sociedade; não conseguiriam governar sem o voto de milhões de supostos paladinos dos bons costumes, o que mostra o tamanho da hipocrisia de nossa sociedade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário