domingo, 9 de março de 2014

ENTREVISTA COM MUJICA

Não sei se há em Mujica uma lúcida simplicidade ou uma simples lucidez. Seja uma coisa, seja outra, não consigo imaginar nada mais sofisticado. Entrevista aqui

4 comentários:

Bruna Caixeta disse...

Lívio, excelente postagem!

Fiquei muito contente de poder ter tido acesso a essa entrevista com o Mujica. Há considerações muito sérias e importantes nas respostas dele ao entrevistador.

Tomei conhecimento maior do Mujica em meados do ano passado, através de um vídeo no qual ele discutia a questão da legalização da maconha. Na época, torci o nariz com as ideias dele e não me simpatizei com a figura. Explico-me: apesar de eu, como ele, acreditar na necessidade de eliminação do motivo econômico do narcotráfico, diferente dele, acredito que somente a legalização da maconha não possibilitará isso, além de eu ver como danosa, em vários outros aspectos sociais, a legalização. Ao mesmo tempo, sei que minha visão pode estar errada; se a experiência no Uruguai der certo, estou disposta a pensar a questão sobre outro ponto de vista; enquanto não me provam o contrário, no entanto, mantenho minha opinião. (A propósito, existe um vídeo com um debate do assunto promovido pela Folha, em 2010, que acho muito bom. Reúne variados profissionais com as mais diferentes opiniões sobre a legalização. Se tiver interesse pelo assunto, aqui encontra-se o link de acesso ao debate):http://www.youtube.com/watch?v=t8YtDB8Jfhg

Bom, mas voltando ao Mujica: mais tarde, em mais algumas ocasiões, novamente tive oportunidade de vê-lo falar ou ler algumas de suas ideias; acabei mudando totalmente minha visão inicial sobre ele, e hoje o considero um político bastante sério e consciente de suas ações (embora eu ainda seja contrária à legalização da maconha e aguardo ver seu êxito no Uruguai). Ele é a expressão viva daquilo que crê e defende como a autêntica política de uma república.

Nesta entrevista postada por você, acho especialmente valiosa a opinião do Mujica sobre a aliança dos países da América do Sul, e o papel fundamental que o Brasil tem nessa aliança (e não está desempenhando!). É muito séria essa questão que aponta, diria, urgente, aliás. A América do Sul está cada vez mais ficando para trás, e vitimada pelos projetos neo-colonialista dos países líderes econômicos e políticos. Já diria Chico Buarque (ele mesmo? Não tenho certeza agora!), temos que falar grosso com os EUA e fininho com a Venezuela, Bolívia, e por aí vai...

Por fim, especialmente importante e lúcida é sua visão de que qualquer mudança que se almeja realizar em um país deve ser respaldada em um projeto, contar com métodos e planejamentos. Caso contrário, para onde vamos?

Obrigada pela oportunidade de mais um contato com as ideias do Mujica, Lívio. E fiquemos de olho nesse danadinho, pois ele tem tido posturas interessantes para a orientação da política, sobretudo latina.

Um abraço.

Lívio Soares de Medeiros disse...

Oi, Bruna. Muito obrigado mesmo pelo gentil comentário.

É curioso: com frequência, tenho me perguntado se a legalização da maconha seria uma solução no Brasil. Ainda não é no Uruguai; mas ainda que venha a ser, seria uma solução aqui?...

Mas eu e você temos algo em comum: é imperioso lidar com a questão das drogas levando-se em conta a questão econômica. Dizendo de outro modo, é preciso quebrar a cadeia “produtiva” que movimenta o narcotráfico.

Obrigado pelo envio do “link” com o debate sobre essa questão. Vou conferi-lo.

Sim, concordo com ele também quanto à visão dele sobre o papel do Brasil na América Latina. O Brasil, por vezes, talvez devido a uma estranha prepotência, parece não querer se assumir como latino-americano. Nós, brasileiros, precisamos nos latinizar.

Pois é, Bruna, eu concordo com ele porque ele propõe a mudança – mas edifica algo. Não é uma coisa feita de modo inconsequente. Não é algo meramente rebelde nem é algo feito para ser a expressão de uma rebeldia tacanha e descontextualizada.

Por fim, Bruna, a impressão que tenho é simples: o Mujica me passa a impressão de ser algo que, confesso, acho que tem havido pouco – um político inteligente, sensato, de bom senso.

Mais uma vez, cara Bruna, obrigado pela visita ao blogue.

A gente se fala.

Hellen Dirley disse...

Lívio,

Gostei muito de poder ter acesso à entrevista. Não tenho dúvida de que nos torna mais politizados.
Obrigada!

Lívio Soares de Medeiros disse...

Cara Hellen, não há o que agradecer. Além do mais, é sempre bom ter a oportunidade de divulgar o pensamento de gente como um Mujica, bem como é sempre com contar com sua visita por aqui.