terça-feira, 10 de dezembro de 2013

KILLER JOE


Continuo mantendo a tradição pessoal de assistir a filmes muito tempo depois de terem sido lançados. Assim foi recentemente com “Killer Joe – matador de aluguel” [Killer Joe, EUA, 2011]. O filme é dirigido por William Friedkin, bastante conhecido por “O exorcista”, clássico de 1973.

O filme é baseado em peça homônima, escrita por Tracy Letts. Para o elenco, Friedkin escalou Matthew McConaughey (Killer Joe Cooper), Emile Hirsch (Chris Smith), Juno Temple (Dottie Smith), Thomas Haden Church (Ansel Smith) e Gina Gershon (Sharla Smith).

Endividado por causa de drogas, Chris vê na morte da mãe um jeito de ele descolar a grana, pois a morte dela implicaria pagamento de seguro. Joe é então contratado para matar a mãe de Chris. O assassino, contudo, ao conhecer Dottie, a irmã de Chris, exige que ela seja a garantia em caso de calote de Chris.

Não é somente a temática que lembra a de “Fargo”, filme dirigido pelos Coen em 1996. Tanto um quanto o outro têm em comum um jeito de narrar, que é o dizer as coisas mais escabrosas, sórdidas ou surreais como se algo trivial estivesse sendo enunciado. O truque não é novo nem em narrativas cinematográficas nem literárias, mas sempre funciona. Junte-se a isso um belo toque de humor macabro.

Não há inocentes em “Killer Joe”; nem mesmo Dottie. Ao mesmo tempo, todos são vítimas. Num enredo que não julga nem analisa o comportamento dos personagens, eles mesmos não estão preocupados, seja em se entenderem, seja em entenderem o contexto em que estão.

A direção de Friedkin é impecável. Parte do sucesso está em algo que soa óbvio mas que nem sempre é fácil: extrair o melhor dos atores. Pelo menos é essa a sensação com que se fica. A sequência em que Joe pede a Dottie (a qual tem, ao mesmo tempo, um ar pueril e sensual) que ponha o vestido é uma aula de cinema, em que paixões e pulsões vêm à tona. 

2 comentários:

Ismael disse...

Grata surpresa esbarrar com seu comentário sobre este filme. Não havia pensado na semelhança com "Fargo", e reconheço agora que a comparação faz todo sentido. Também achei acertada a expressão "humor macabro", porque a ideia que se tem de "humor negro" fica aquém do que o filme apresenta. O Matthew McConaughey está em grande fase, deu um tempo nas comédias românticas e tem se mostrado um grande ator. Ah, ainda tem a ótima canção "Boots", do Lee Hazlewood.
Abraço,
Ismael.

Lívio Soares de Medeiros disse...

Pois é, Ismael, logo no começo da trama eu me lembrei de "Fargo".

Quanto à expressão "humor macabro", há um quê de comédia pastelão e de sadismo no humor do filme. Gosto disso. Achei que "humor macabro" engloba o astral do filme.

É verdade, Ismael: o Matthew McConaughey acabou se revelando um grande ator, e Friedkin soube bem trazer isso à tona.

Por fim, concordo: o filme merece "Boots".

Grande abraço e obrigado pelo comentário.