Certa vez, o Millôr Fernandes escreveu uma crônica em que ele reuniu as primeiras frases de grandes clássicos da literatura. O Gabriel García Márquez já disse em entrevistas que, para ele, a primeira frase de um romance é muito importante. Ele mesmo disse ter passado por um grande impacto quando leu a primeira frase de “A metamorfose”, do Kafka. Gosto muito da primeira frase do “Ana Karênina”.
Não me lembro de ter curtido tanto o começo de um livro quanto curti as frases iniciais de “O andar do bêbado”, de Leonard Mlodinow, com que ainda estou às voltas. De leitura saborosa, a obra é sobre a presença do acaso e do aleatório em nossas vidas.
Do livro, cito não somente a primeira frase, mas as três primeiras, segundo tradução de Diego Alfaro: “Alguns anos atrás, um homem ganhou na loteria nacional espanhola com um bilhete que terminava com o número 48. Orgulhoso por seu ‘feito’, ele revelou a teoria que o levou à fortuna. ‘Sonhei com o número 7 por 7 noites consecutivas’, disse, ‘e 7 vezes 7 é 48’”.
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