sábado, 17 de novembro de 2012

GRITO OCO

Os colunistas dos meios de comunicação andam parcos de ideias e bons de gritaria. Não são bobos. Sabem que quanto mais escreverem bravatas ou falarem tolices, terão seus textos reproduzidos; serem achincalhados é o troféu a que aspiram. O público reage fortemente à ausência de ideias.

Cada profissional quer ser mais retumbante do que o outro. O que vale é causar impacto, ser comentado nas redes sociais, gerar polêmicas bobas. Quanto mais “odiado”, melhor. Textos elegantes e mentes refinadas não repercutem. Contratantes e contratados se divertem.

Não sei se o que vários colunistas querem é ser originais ou se querem chamar a atenção. Se tentam ser originais, fracassam, pois gritar está na moda (sempre esteve); se tentam chamar a atenção, conseguem,  pois substituir pensamentos por berros está na moda (sempre esteve). Não se pode negar: são bem-sucedidos.

Não há espaço para a sutileza. Camuflam a falta de ideias sólidas com o grito mal-educado. Existe algazarra, uma espécie de disputa para se aferir quem consegue falar mais alto dizendo as maiores bobagens. Não se busca a expressão clara de uma ideia, mas o grito selvagem que tenta camuflar a ausência delas. Não somente quando há o áudio. Palavras no papel ou na internet também gritam.

Entendo que chefes querem retorno. Querem audiência, querem leitores. Nesse afã, empregados e empregadores parecem satisfeitos se qualquer coluna feita com estudada veemência causa repercussão. Sabem que excelência não traz audiência nem leitores.

Quem não quer a gritaria e ainda acredita em coisas como a sutileza torna-se refém do vozerio de articulistas cheios de empáfia. Em vez da ideia, o grito; em vez do debate, a iconoclastia gratuita. Se não berrarem, não conseguem ser notados.

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