Prestes a fazer xixi, Hermano viu uma formiga na água do vaso. A princípio, não entendeu se ela estava nadando tranquilamente ou se estava se debatendo para não se afogar. Perguntou-se como ela fora parar lá e se as formigas sabiam nadar, enquanto continuava observando a que estava no vaso. Num momento, pareceu mesmo que ela sairia da água, pois já estava na borda. Mas deu meia-volta, debateu-se por mais alguns segundos e morreu. Hermano se surpreendeu, pois foi como se a morte tivesse vindo num átimo: ele esperava movimentos lentos e pausados, languidamente agonizantes — não aquele parar súbito demais. Num último devaneio, perguntou-se o motivo pelo qual a morte dela, criatura como tantas outras, deveria valer menos que a nossa. Depois, fez xixi e deu descarga.
2 comentários:
Filosofias na solidão do banheiro...
Rs. É por aí, Murillo. Grande abraço. Obrigado.
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