quarta-feira, 7 de novembro de 2012

CONTO 53

No tempo das cartas, Maísa escreveu o texto mais amoroso que conseguiu. Assinou. No momento em que guardaria as palavras no envelope, resolveu borrifar seu perfume nas folhas. Guardando-as, aspergiu mais um pouco no envelope, achando graça de si mesma. Depois de ler a carta, Zé Pedro ficou cheirando com calma e devoção o envelope e as folhas. Releu a correspondência e voltou a sentir o cheiro do perfume, que se misturava com o do papel. Num ato pleno de sentidos, Zé Pedro comeu tudo.

2 comentários:

Bruna Caixeta disse...

Lívio,
muito me agradou a forma da narrativa deste conto: primeiro, cheia de sutilezas; por fim, voraz. Toda ela abalizada pela descrição dos cuidados e pelas experiências sinestésicas.

A forma narrativa constituiu-se num retrato mesmo das reações que provoca o amor nos amantes, isto que pode ser alternância entre sutileza e voracidade.

Um abraço.

Lívio Soares de Medeiros disse...

Bruna, antes de tudo, obrigado pelos atentos e gentis comentários, não somente nesta postagem, mas também nas demais.

Fico muito feliz em saber que você gostou da breve narrativa.

Por fim, o amor é por aí mesmo, numa mistura de sutileza e voracidade.

Grande abraço.