quinta-feira, 26 de julho de 2012

APONTAMENTO 149


O Borges escreveu que o sonho de todo escritor é ser esquecido, mas que uma frase ou verso dele fique como parte de um idioma. Aquelas coisas que todo mundo cita e que ninguém sabe de quem é. E se sabe, não conhece o contexto. Glorioso Borges...

Há outras glórias possíveis. Há pouco, eu estava escutando “You weren’t in love”, cantada pelo Mick Fleetwood. Quando a canção chega aos cinquenta segundos e alguma coisa, há uma nota no baixo que é prolongada. É muito, muito bonito.

Poxa, quem deu essa “maldita” nota naquele “maldito” baixo? Não sei. Mas estou eu, numa cidadezinha incrustada no Cerrado de Minas Gerais, a admirar uma “simples” nota num contrabaixo...

Que fique um verso, que fique uma frase, que fique uma nota, que fique um gesto, que fique um olhar, que fique um instante, que fique um beijo, que fique uma piada, que fique uma transa, que fique uma canção. Fracasso é não deixar nada – mas até sem querer a gente acaba deixando alguma coisa...

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