Ontem (04/05), conferi show com a banda Roupa Nova aqui em Patos de Minas. Mal chegando, a noite não prometia: a cerveja estava quente. Além do mais, como foram compradas logo na entrada, os tíquetes para que outras cervejas fossem buscadas não valiam no setor para o qual eu comprara ingresso. Em nome dessa burocracia boba, eu tinha de deixar a mesa em que estava para buscar cerveja quente.
Eu já havia conferido diversos shows do Roupa Nova, de modo que eu não esperava novidades, mesmo ciente de que celebrariam no espetáculo os trinta anos de carreira. Juntando-se a isso, a cerveja quente, o estacionamento caro... Um leve mau humor se insinuou.
Mal começado o show, esse esboço de mau humor foi embora. Tive a honra de conferir uma das melhores apresentações musicais a que já tive acesso. Obviamente, eu esperava a riqueza técnica de sempre, por se tratar de um show de caras que cantam demais, são excelentes músicos e têm décadas de estrada.
O que houve no palco foi muito além de técnica e profissionalismo. Foi emocionante acompanhar a trajetória musical da banda. Não somente por serem canções por demais conhecidas, mas também pela beleza de ver gente talentosa e carismática fazendo o que gosta de fazer.
Em meios às canções, os integrantes foram pontuando o espetáculo com declarações sobre os caminhos do Roupa Nova e, de quebra, sobre os caminhos da música de algumas décadas para cá. Deixaram no ar um quê de insatisfação com os rumos tomados pelo mercado fonográfico, rádios e afins, mas sem ranço e com sutileza.
Também sutil, uma leve e gostosa malícia. No diálogo com o público (que achei um tanto frio), além das brincadeiras, iam dando testemunhos da longa trajetória musical que têm. No telão, eram exibidas imagens do espetáculo. Também via telão, as “participações” de Milton Nascimento e da cantora Sandy, em imagens de apresentação dos dois em show do Roupa Nova. Para encerrar, a banda fez trechos de clássicos do rock de bandas como Guns ‘n’ Roses, The Police e Pink Floyd.
O espetáculo foi uma catarse. Foi uma noite surpreendente. Como foi bom vê-los “ensinar” e mostrar como se faz um espetáculo de verdade, com técnica, competência, profissionalismo, emoção e respeito para com o público. A noite foi uma celebração à musica, uma celebração à vida. Penso no privilégio que deve haver em dividir, de um modo tão bonito, o legado que se criou. Sim, que bonito, o legado deixado pelo Roupa Nova.
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