quinta-feira, 5 de maio de 2011

CAIU NA REDE (62)

Pessoas, a edição 62 do Caiu na Rede está no ar. Abaixo, o texto que leio durante a atração.
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Liberdade - Fernando Pessoa 


Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada.

Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...

2 comentários:

Ismael disse...

Lívio, excelente escolha de poema e grande declamação. De fato é fundamental parar e lembrar que a literatura, mesmo sendo importante, está longe de ser tudo na vida. Sempre que possível declame outros poemas. Ficou ótimo.
Agora, o comentário do Caetano Veloso sobre "Come as you are" é um bocado engraçado e enigmático, pq não consegui decifrar como alguém não é capaz de entender o que o Kurt canta nessa música, não há excesso de ruído, velocidade ou dicção ruim.
Abraço.

Lívio Soares de Medeiros disse...

Oi, Ismael. Obrigado pela sugestão: tenho mesmo o plano de continuar declamando mais textos no Caiu na Rede.

Também achei o comentário muito divertido, Ismael. Mas pode ser que o taxista não fosse norte-americando. Não me lembro se era ou não; eu teria de rever o documentário para saber.

Obrigado por conferir. Grande abraço.