domingo, 3 de abril de 2011

CONTO 42

Eduardo estava preocupado: era capaz de sentir tesão por praticamente qualquer mulher – desde que ela não tirasse a roupa. Se tirasse, que fosse no escuro. Não fazia questão de que elas usassem saias ou vestidos – fazia questão de que estivessem vestidas. Como argumento, dizia que nenhuma mulher, por mais perfeita que parecesse ser enquanto estivesse vestida, é sensual após tirar a roupa. Entretanto, no fundo, julgava haver algo errado com ele. Certo dia, conheceu Celma, que não gostava de tirar a roupa quando ia fazer amor. A relação malogrou porque Eduardo não intuiu que o maior e quase inconsciente desejo de Celma era o de que alguém, forçada e rudemente, arrancasse-lhe as roupas na hora do sexo.

4 comentários:

Bruna Caixeta disse...

Intuir as particularidades do outro é o que é mais difícil.
E de pensar, com a história do Eduardo e da Celma, que se não intuídas, os relacionamentos podem sofrer danos...

Lívio Soares de Medeiros disse...

É por aí mesmo, Bruna. Obrigado por conferir.

Gabriela Maria disse...

se intuísse, ele nao arrancaria, né?! não era pra ser mesmo. que continuassem procurando - ele, uma mulher que nao quisesse intuições e ela, um homem que tivesse e correspondesse às suas.

Lívio Soares de Medeiros disse...

Pois é, Gabriela... Valeu.