Recentemente, foi lançado o livro “O mito da doença espiritual na dependência de álcool (Desmistificando Bill Wilson e Alcoólicos Anônimos)”, de Luiz Alberto Bahia. Segundo o próprio autor, “a principal finalidade da obra é mostrar que os métodos de recuperação de dependentes de álcool, baseados no programa Doze Passos, do A.A. – de natureza religiosa –, é extemporâneo e contraproducente, além de provocar estigma nestes doentes”. Como alternativa para os portadores da patologia da dependência, o autor apresenta o GREDA – Grupo de Recuperandos da Dependência do Álcool –, que é um grupo de ajuda mútua com programa assentado nos 7 Pilares da Recuperação, de embasamento estritamente científico.
Luiz Alberto Bahia nasceu em Patos de Minas/MG. É conselheiro para assuntos envolvendo o uso de drogas, fundador do GREDA e do Grupo Fênix, que atuam na orientação, prevenção e no suporte terapêutico a dependentes e suas famílias. É também estudioso e especialista em dependência química, com alguns livros e artigos publicados na área.
Outras informações sobre o livro poderão ser obtidas no blog do autor (www.greda-luizalbertobahia.blogspot.com) ou pelo e-mail lzbahia@gmail.com.
Luiz Alberto Bahia nasceu em Patos de Minas/MG. É conselheiro para assuntos envolvendo o uso de drogas, fundador do GREDA e do Grupo Fênix, que atuam na orientação, prevenção e no suporte terapêutico a dependentes e suas famílias. É também estudioso e especialista em dependência química, com alguns livros e artigos publicados na área.
Outras informações sobre o livro poderão ser obtidas no blog do autor (www.greda-luizalbertobahia.blogspot.com) ou pelo e-mail lzbahia@gmail.com.
6 comentários:
TERMOS IMPRÓPRIOS EMPREGADOS (PELO JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO) NA REPORTAGEM “Grupo dos Alcoólicos Anônimos tem a sua eficácia contestada”, de 27/03/11.
Agora que o debate não está mais intensificado, cabe esclarecer alguns pontos importantes, sobre termos inadequados empregados pela jornalista encarregada da matéria da Folha de São Paulo, sendo que a maior parte deles foi atribuída à minha pessoa. Só não alertamos sobre esses inconvenientes no auge dos debates, com receio de que nosso pronunciamento pudesse mudar o foco das discussões, mas a questão é de alta relevância e achamos que todos deveriam tomar conhecimento sobre os comentários que passamos a fazer:
Na entrevista que concedi ao jornal alertei a jornalista para os termos inadequados usualmente empregados por leigos em dependência de álcool. Nesta entrevista de quase uma hora e meia, parte da mesma foi para esclarecer sobre este ponto, muito importante, pois alguns deles ajudam a estigmatizar os dependentes. A pedido do jornal, cedi um exemplar do meu livro O mito da doença espiritual na dependência de álcool: Desmistificando Bill Wilson e Alcoólicos Anônimos, em que eu alerto para o problema, e explico sobre as consequências que tais inadequações refletem em todos os dependentes. Mas a jornalista não levou em conta essa nossa contribuição e achou mais conveniente empregar termos sensacionalistas normalmente utilizados pelos profissionais desavisados da mídia.
Primeiramente a jornalista diz que eu sou um ex-frequentador de A.A., o que não é verdade. Quando fui perguntado reincidentemente se fui membro de A.A., deixei claro para a jornalista que não o fui, porque não aceitei o programa da irmandade, que na época em que procurei a irmandade buscando ajuda, achei o programa preconceituoso e discriminatório, e até ofensivo (opinião partilhada por muitos dependentes – veja comentários de dois deles aqui no meu blogue).
A frase seguinte, atribuída a mim, em que diz “No AA, o dependente é tratado como pecador e deve aceitar um programa espiritual para ser curado”, leva o leitor mais atento (os especialistas e outros profissionais da área de saúde) a suspeitar de meus conhecimentos sobre o tema. Na verdade eu nunca empreguei o termo “cura” ao me referir a drogadição, já que é largamente sabido e difundido (eu próprio já o afirmei, em meus livros, artigos e em entrevistas) que a doença não tem cura, fato que a jornalista foi devidamente cientificada.
Posteriormente, na matéria, a jornalista diz: “Para Bahia, o AA é baseado numa ideia antiga de que vício é desvio de caráter.”. Aí está outro termo pelo qual não tenho a menor simpatia e que evito sistematicamente: vício. E este termo mereceu destaque nos meus alertas à jornalista, pois quase sempre os profissionais da mídia mostram uma predileção injustificada por ele, e isso foi dito nestas mesmas palavras à desatenta profissional, além evidentemente das explicações salientadas em minhas obras, principalmente no livro em questão, enviado à jornalista. Neste meu livro uso a palavra “vício” apenas quatro vezes, assim mesmo porque elas estavam contidas em citações que faço, e a meu critério, e como manda a boa prática literária, não se muda citação. Uso assiduamente o termo “dependência de álcool” que é o termo mais adequado e menos estigmatizante.(continua...)
continuação...
A palavra “vício” está completamente em desuso (exceto para muitos jornalistas) em drogadição , servindo-se muito mais para se referir à deformação moral das pessoas ou objetos, completamente inadequada para se referir a uma doença. E esta é uma das grandes dificuldades dos profissionais da mídia: ver as dependências – todas elas – como doenças simplesmente. Quase sempre é escandalizante para a mídia.
Quero dizer sobre outra frase que me é atribuída, quando é dito que “o programa estigmatiza o paciente, e a sociedade tem uma visão deturpada do alcoolismo por causa dele.”. Assim como a palavra alcoólatra, alcoolismo é outro termo de que não faço uso, exceto em citações, ainda que sejam palavras usadas com frequência, inclusive por especialistas. Assim nos explicamos em nosso livro aqui referenciado:
O leitor já deve ter observado que, ao longo das páginas anteriores, evitamos as palavras alcoólatra e alcoolismo, a não ser quando se tratava de referência – quando outros assim mencionavam. Achamos melhor evitar essas palavras, não porque elas estejam nominalmente erradas, mas porque o emprego delas acabou sendo desvirtuado ao longo do tempo e hoje são estigmatizantes. Essas palavras já não servem para designar uma doença ou um doente. Esse uso, digamos, tornado impróprio pelo seu mau uso ou viciado, acabou por desqualificá-las como significativas de um conceito na sua mais pura essência. Aquelas palavras servem muito mais para fins pejorativos do que para designar o doente ou a doença; são mais utilizadas para provocar, discriminar, ofender e/ou ferir.{...]“ O termo alcoólatra confere uma identidade e impõe um estigma, que anula todas as outras identidades do sujeito, tornando-o tão somente aquilo que ele faz e que é socialmente condenado, não pelo que faz, mas pelo modo como o faz. Em outros termos, não é a bebia em si, mas aquela pessoa que bebe mal, isto é, de modo abusivo, desregrado, que a leva à condição de ser socialmente identificada popularmente como “alcoólatra”, ou seja, quem “idolatra”, “adora” e se tornou dependente do álcool.
Finalmente quero dizer que o entendimento que o público possa ter tido de meu livro ou de minha pessoa, pode ter sido prejudicado devido aos deslizes cometidos pelos que conduziram a matéria jornalística. E embora meu livro se destine ao grande público, porque foi cuidadosamente preparado para este fim, em uma linguagem muito simples - acessível até para alunos do ensino médio -, sentimos que a abordagem inapropriada prejudicou nossa imagem. Nossos cuidados para um grande alcance do livro se devem principalmente porque não há quem não viva sob as interferências maléficas das dependências do álcool, que é classificada como um dos maiores problemas de saúde pública mundial. Ele é um livro científico. Mas nossa maior preocupação com as repercussões negativas estão ligadas aos especialistas, que podem ter deixado se influenciar pelas colocações inoportunas da jornalista. E assim, com a presente retificação, realinhando nossa verdadeira ideologia sobre alguns aspectos do tema, esperamos minimizar os efeitos perniciosos que foram provocados pela matéria.
Tenho apenas uma pergunta a fazer. O GREDA está ativo? Existe pessoas desfrutando de uma vida sem bebidas alcoólicas após conhecerem o GREDA? Como funciona o tratamento a essas pessoas?
Prezado João, não sei, mas repare que nos comentários acima há como você clicar sobre o nome do Luiz Alberto Bahia, o que encaminhará você para o blogue dele.
Caso não dê certo, gentileza voltar a entrar em contato.
Abraço.
Luiz Bahia foi com certeza um dos maiores conhecedores do mundo sobre recuperação de usuários de drogas( além do português perfeito e de alto nível). Pena os brasileiros darem mais valor aos estudiosos estrangeiros sem nem mesmo procurar conhecer o trabalho dos nossos. Pena alguém de tão grande conhecimento ter falecido sem o reconhecimento merecido.
São 3 perguntas e não "uma" como vc disse. Vc nao sabe nem contar, imagina se conseguiria entender sobre um assunto tão complexo. Rsss
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