quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

WIKILEAKS

De um jeito ou de outro, querem pegar Julian Assange, que vem publicando no site WikiLeaks documentos que desnudam os bastidores da diplomacia americana. O governo dos EUA ainda não chegou a quem forneceu os documentos para Assange.

Por ora, ele está preso não pelo que tem divulgado, mas por um suposto caso de estupro, que teria ocorrido na Suécia.

Ataques e retaliações cibernéticas têm ocorrido. Um grupo de internautas apoiador de Assange e que se intitula Anônimo tem sobrecarregado as páginas do MasterCard e do Visa, que estão impedindo  transações financeiras do criador do WikiLeaks.

Os gigantes Amazon e PayPal também foram atacados. Em contrapartida, Twitter e Facebook deletaram as contas do Operation Payback, outro grupo de ativistas apoiador do WikiLeaks, cujo porta-voz nega ter conexão com os chamados “hacktivists” [amálgama de hackers e ativistas], embora ressalte que tais ataques são reflexo da opinião pública.

Imagine se o que você realmente pensa sobre as pessoas com as quais convive viesse à tona. Isso poderia causar, por exemplo, sua demissão ou um desentendimento grave com sua esposa... Assange mostrou que no macrouniverso da diplomacia valem as mesmas leis que regem o microuniverso das relações interpessoais: é preciso muito cuidado com o que se fala e para quem se fala; é preciso muito cuidado com o que se escreve e para quem se escreve.

Lula criticou a prisão de Assange; o presidente ainda afirmou: "A [presidente eleita] Dilma [Rousseff] tem que saber e falar para os seus ministros que, se não tiver o que escrever, não escreva bobagem, passe em branco a mensagem", disse o presidente. Munida agora de malícia, por um bom tempo a diplomacia mundial vai preferir silenciar a continuar exercendo a confiança no sigilo alheio.

Em meio a ataques e retaliações, nem sempre consigo acessar a página do WikiLeaks (mais cedo, consegui; agora, não). Ainda que a página não volte a estar livre para acesso, penso que Assange deve ter cópia de segurança dos arquivos que colocou à disposição. Tomara.

2 comentários:

Rusimário disse...

Oi Lívio, o WikiLeaksGate reacende uma discussão recente no Brasil sobre a liberdade de imprensa e nos mostra, mais do que nunca, os diversos interesses envolvidos e as reações de ambos os lados.
Isso me faz lembrar dos três crivos de Sócrates. Se ambos praticássemos, o WikiLeaks não teria assunto algum a divulgar.
O que chama atenção mesmo é a imprensa brasileira dar mínimo destaque a questão da prisão de Assange.
Grande abraço.

Lívio Soares de Medeiros disse...

Valeu, Rusimário.

Devo voltar a escrever sobre o WikeLeaks.

Afinal, há, de fato, muitas lições que podem ser extraídas do episódio.

Grande abraço.