Meu pai ficava vendo filmes madrugada adentro. Para descontentamento de minha mãe, ele permitia que eu também ficasse. A alegação dela era a de que eu teria aula pela manhã (no que ela estava certa). Mas meu pai falava: “Deixa o menino ver o filme, sá”.
Foi assim que tomei gosto por filmes. Foi assim que numa certa noite conferi “A onda” (The wave), dirigido por Alexander Grasshoff. Trata-se de uma produção feita para a TV americana em 1981. O filme é baseado num ensaio (The third wave – “A terceira onda”) escrito por Ron Jones, o professor retratado no filme, que se baseia em fato real.
Numa aula de história, sem conseguir explicar como podem os alemães, durante a Segunda Guerra Mundial, ter alegado não saber sobre o extermínio de judeus, Rones, em vez de procurar por uma resposta “típica”, decide fazer uma experiência e cria um movimento chamado “A terceira onda”. Para começar, o professor lança ideia cujo lema inicial é “força por intermédio da disciplina”.
Em sua experiência, Jones vai implantando um movimento radical e perigoso. De modo rápido, praticamente toda a escola de ensino médio se torna adepta, sem que os alunos soubessem com clareza do que se tratava a iniciativa. Rapidamente, ideias nos moldes nazistas vão sendo implantadas.
Há um filme que é uma versão alemã do ocorrido. Na produção germânica, intitulada também “A onda” (Die Welle, 2008), e dirigida por Dennis Gansel, o fim é bastante trágico. Para quem se interessar, a história em que as produções americana e a alemã se baseiam ocorreu em 1967, na Cubberley High School, em Palo Alto, na California.
Em ambas as adaptações, a história narrada vai de segunda a sexta-feira. O que me causou estranheza foi a rapidez com que os estudantes aderiram à ideologia implantada por Jones. Se num momento se mostraram intrigados com a adesão dos alemães ao nazismo, no outro, já estavam reproduzindo condutas igualmente radicais.
As pessoas se deixam levar facilmente. São fáceis de serem enganadas. Investir na tolice e na credulidade é um negócio lucrativo. Ademais, a racionalidade nunca foi imperativo das turbas. Contudo, mesmo ciente disso, fiquei me perguntando se a história real em que os filmes se basearam ocorrera mesmo em apenas uma semana. Minha pergunta enquanto eu assistia aos filmes era: “Como esses alunos compraram essa ideia tão rápido?”.
À medida que a semana vai passando e a onda vai tomando conta da escola, clima um tanto sinistro vai tomando corpo. Segundo li, o professor Ron Jones afirma que de fato tudo ocorreu em cinco dias. À parte isso, o filme aborda a delicada questão de como as pessoas se deixam levar tão facilmente, de como são conduzidas e seduzidas sem refletirem sobre o caminho que estão tomando.
Já estou à procura do ensaio “The third wave”, bem como à procura do documentário “Lesson plan”, dirigido por Philip Neel. Ele foi um dos alunos que integraram o movimento. No documentário, Neel realiza entrevistas com colegas seus que também aderiram e com o professor Jones. Caso eu consiga os materiais, comento por aqui.
Foi assim que tomei gosto por filmes. Foi assim que numa certa noite conferi “A onda” (The wave), dirigido por Alexander Grasshoff. Trata-se de uma produção feita para a TV americana em 1981. O filme é baseado num ensaio (The third wave – “A terceira onda”) escrito por Ron Jones, o professor retratado no filme, que se baseia em fato real.
Numa aula de história, sem conseguir explicar como podem os alemães, durante a Segunda Guerra Mundial, ter alegado não saber sobre o extermínio de judeus, Rones, em vez de procurar por uma resposta “típica”, decide fazer uma experiência e cria um movimento chamado “A terceira onda”. Para começar, o professor lança ideia cujo lema inicial é “força por intermédio da disciplina”.
Em sua experiência, Jones vai implantando um movimento radical e perigoso. De modo rápido, praticamente toda a escola de ensino médio se torna adepta, sem que os alunos soubessem com clareza do que se tratava a iniciativa. Rapidamente, ideias nos moldes nazistas vão sendo implantadas.
Há um filme que é uma versão alemã do ocorrido. Na produção germânica, intitulada também “A onda” (Die Welle, 2008), e dirigida por Dennis Gansel, o fim é bastante trágico. Para quem se interessar, a história em que as produções americana e a alemã se baseiam ocorreu em 1967, na Cubberley High School, em Palo Alto, na California.
Em ambas as adaptações, a história narrada vai de segunda a sexta-feira. O que me causou estranheza foi a rapidez com que os estudantes aderiram à ideologia implantada por Jones. Se num momento se mostraram intrigados com a adesão dos alemães ao nazismo, no outro, já estavam reproduzindo condutas igualmente radicais.
As pessoas se deixam levar facilmente. São fáceis de serem enganadas. Investir na tolice e na credulidade é um negócio lucrativo. Ademais, a racionalidade nunca foi imperativo das turbas. Contudo, mesmo ciente disso, fiquei me perguntando se a história real em que os filmes se basearam ocorrera mesmo em apenas uma semana. Minha pergunta enquanto eu assistia aos filmes era: “Como esses alunos compraram essa ideia tão rápido?”.
À medida que a semana vai passando e a onda vai tomando conta da escola, clima um tanto sinistro vai tomando corpo. Segundo li, o professor Ron Jones afirma que de fato tudo ocorreu em cinco dias. À parte isso, o filme aborda a delicada questão de como as pessoas se deixam levar tão facilmente, de como são conduzidas e seduzidas sem refletirem sobre o caminho que estão tomando.
Já estou à procura do ensaio “The third wave”, bem como à procura do documentário “Lesson plan”, dirigido por Philip Neel. Ele foi um dos alunos que integraram o movimento. No documentário, Neel realiza entrevistas com colegas seus que também aderiram e com o professor Jones. Caso eu consiga os materiais, comento por aqui.
18 comentários:
Ótima indicação de filme que merece ser visto e debatido.
Fred.
Valeu, Fred.
Já assisti o "A Onda" de 2008. Muito, muito bom! Gostei do post e das insicações.
Valeu, Gabriela. E tendo a chance, não deixe de conferir a versão de 81.
Ótima observação do Fred.Já vi o filme.O livro,hei de conferi-lo assim que possível.
Beleza, Chris. Obrigado por conferir.
Oi Lívio,
O filme de 1981 é considerado raro e difícil de encontrar. Aos interessados segue link para ver o filme online:
http://www.guba.com/watch/3000082444
Abraços
Obrigado mesmo, Rusimário.
E salvo engano, ele pode também ser conferido, na íntegra, no Youtube.
Grande abraço.
Lívio, a diferença desse link que passei é que o filme está dublado em português.
Abraços
Show de bola, Rusimário. Abraço.
Hmmmm, acho que assim que viu o filme e pensou “Como esses alunos compraram essa ideia tão rápido?” você decidiu que seria professor. Isso explicaria muita coisa...
Abraço.
PS.: o Nivaldo se queixou de que não tinha a mesma mordomia que você, e ia pra cama sem ver televisão.
Manoel, não foi isso o que me levou a dar aula.
Quanto ao Nivaldo, não me lembro se ele assistia aos filmes. Mas ele deve se lembrar se assistia ou não, pois a memória dele é boa.
OK, Lívio. Na época, meu pai também não me permitiu assistir ao filme mas vou tentar baixar pra gente essa versão de 81.
A propósito, um amigo baixou Brigadoon na semana passada.
Abraços.
Manoel, tenho a versão de 81. Quanto a "Brigadoon", tenho interesse em assistir.
Conferi a versão de 81, Lívio. Obrigado. Não sei se o filme simplificou demais os supostos fatos, mas a forma como eles aderiram à Onda não convenceu, principalmente se considerarmos que todos estavam justamente estudando o nazismo.
Tudo bem que o Nacional Socialismo também foi inverossímil, mas os alunos não só aderiram à ideia rápido demais, como o único objetivo (fazer parte de um grupo) era demasiado frágil, concorda?
Abraço.
Pois é, Manoel: estou tentando conseguir mais informações sobre o fato.
E as razões pelas quais os alunos aderiram ao movimento eram por demais frágeis mesmo (pelo menos de acordo com o mostrado no filme).
Lívio, não encontrei na web nenhuma referência ao artigo "The Wave drowns Gordon High", que aparece no filme.
Abraço.
Vou tentar achar algo, Manoel.
Abraço.
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