quarta-feira, 24 de novembro de 2010

A ONDA

Meu pai ficava vendo filmes madrugada adentro. Para descontentamento de minha mãe, ele permitia que eu também ficasse. A alegação dela era a de que eu teria aula pela manhã (no que ela estava certa). Mas meu pai falava: “Deixa o menino ver o filme, sá”.

Foi assim que tomei gosto por filmes. Foi assim que numa certa noite conferi “A onda” (The wave), dirigido por Alexander Grasshoff. Trata-se de uma produção feita para a TV americana em 1981. O filme é baseado num ensaio (The third wave – “A terceira onda”) escrito por Ron Jones, o professor retratado no filme, que se baseia em fato real.

Numa aula de história, sem conseguir explicar como podem os alemães, durante a Segunda Guerra Mundial, ter alegado não saber sobre o extermínio de judeus, Rones, em vez de procurar por uma resposta “típica”, decide fazer uma experiência e cria um movimento chamado “A terceira onda”. Para começar, o professor lança ideia cujo lema inicial é “força por intermédio da disciplina”.

Em sua experiência, Jones vai implantando um movimento radical e perigoso. De modo rápido, praticamente toda a escola de ensino médio se torna adepta, sem que os alunos soubessem com clareza do que se tratava a iniciativa. Rapidamente, ideias nos moldes nazistas vão sendo implantadas.

Há um filme que é uma versão alemã do ocorrido. Na produção germânica, intitulada também “A onda” (Die Welle, 2008), e dirigida por Dennis Gansel, o fim é bastante trágico. Para quem se interessar, a história em que as produções americana e a alemã se baseiam ocorreu em 1967, na Cubberley High School, em Palo Alto, na California.

Em ambas as adaptações, a história narrada vai de segunda a sexta-feira. O que me causou estranheza foi a rapidez com que os estudantes aderiram à ideologia implantada por Jones. Se num momento se mostraram intrigados com a adesão dos alemães ao nazismo, no outro, já estavam reproduzindo condutas igualmente radicais.

As pessoas se deixam levar facilmente. São fáceis de serem enganadas. Investir na tolice e na credulidade é um negócio lucrativo. Ademais, a racionalidade nunca foi imperativo das turbas. Contudo, mesmo ciente disso, fiquei me perguntando se a história real em que os filmes se basearam ocorrera mesmo em apenas uma semana. Minha pergunta enquanto eu assistia aos filmes era: “Como esses alunos compraram essa ideia tão rápido?”.

À medida que a semana vai passando e a onda vai tomando conta da escola, clima um tanto sinistro vai tomando corpo. Segundo li, o professor Ron Jones afirma que de fato tudo ocorreu em cinco dias. À parte isso, o filme aborda a delicada questão de como as pessoas se deixam levar tão facilmente, de como são conduzidas e seduzidas sem refletirem sobre o caminho que estão tomando.

Já estou à procura do ensaio “The third wave”, bem como à procura do documentário “Lesson plan”, dirigido por Philip Neel. Ele foi um dos alunos que integraram o movimento. No documentário, Neel realiza entrevistas com colegas seus que também aderiram e com o professor Jones. Caso eu consiga os materiais, comento por aqui.

domingo, 21 de novembro de 2010

FUTEBOL (7)

Montillo teve um começo estrondoso pelo Cruzeiro. Contudo, de algumas rodadas para cá não tem alcançado o êxito inicial. Poder-se-ia argumentar que os três gols do Cruzeiro marcados na partida que terminou há pouco tiveram origem em escanteios batidos pelo argentino. Mas os gols se deveram muito mais a falhas da defesa vascaína do que a méritos do ataque cruzeirense.

Outro argentino que tem se destacado no campeonato é Conca, do Fluminense. No torneio desde o início (não é o caso de Montillo), Conca não somente mantém a regularidade, mas também realiza passes precisos e chutes fatais. Deve ser eleito o craque da competição.

Na partida contra o Vasco, o Cruzeiro teve um primeiro tempo avassalador – poderia ter feito pelo menos mais dois gols. No finzinho da primeira etapa, o Vasco marcou. No segundo tempo, a partida perdeu em dinamismo, embora o Vasco tenha jogado melhor do que o que fez no primeiro tempo.

Se na semana passada o Corinthians era o líder, após a rodada de hoje o Fluminense reassume a primeira colocação, com 65 pontos. O Corinthians tem 64; já o Cruzeiro, 63.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

MOTIVOS FLORIDOS

O Secos & Molhados pergunta: “Que fim levaram todas as flores”?

O Inner Circle pergunta: “What have happened to my garden of black roses”?

O Titãs afirma: “As flores de plástico não morrem”.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

APONTAMENTO 97

Algumas pessoas morrem antes de suas ilusões.

domingo, 7 de novembro de 2010

FUTEBOL (6)

Um voluntarioso Vasco, que chegou a acertar uma bola na trave aos trinta e sete minutos do segundo tempo, não conseguiu superar o Fluminense, que fizera um gol aos quatro minutos do primeiro tempo. Com o resultado, o Fluminense segue na liderança do campeonato. Corinthians e Cruzeiro vêm a seguir.
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Ontem, muito se falou no abraço entre Neymar e Dorival Jr., no jogo entre o Atlético/MG e o Santos, realizado em Sete Lagoas/MG. Imprensa e meios de comunicação elogiaram a atitude de Neymar e Dorival. Tomara que o ato tenha sido mesmo espontâneo e sem ressentimentos de ambas as partes, e não apenas um teatrinho para as câmeras de um deles ou dos dois.
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Sempre que é divulgado o público lá no Engenhão, comenta-se que mais gente era esperada. Hoje, no jogo do Fluminense contra o Vasco, vinte e dois mil torcedores estiveram por lá. Novamente, foi mencionado que havia a expectativa de um público maior. Curiosamente, esses mesmos comentaristas dizem que o acesso ao estádio é complicado, por ele ficar longe (penso que ele deve ficar afastado de tudo). Já que vivem repetindo que ir até o estádio é tarefa hercúlea, deveriam aproveitar e repetir que houve superfaturamento na construção da obra. E tomara que cada vez mais e mais torcedores deixem de ir até lá.

sábado, 6 de novembro de 2010

APONTAMENTO 96

Quando a fé se volta contra o próximo, pode produzir catástrofes. Quando se volta para a arte, pode produzir obras-primas.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

FUTEBOL (5)

Fica-se com a impressão de que neste ano vai ocorrer novamente com o Cruzeiro o que tem ocorrido com o time de alguns anos para cá: a equipe faz um bom campeonato e está sempre os primeiros, geralmente conseguindo vaga para a Libertadores, mas não consegue ganhar o título, perdendo fôlego nas rodadas finais.

Há pouco, em jogo realizado no Parque do Sabiá, em Uberlândia/MG, não foi diferente. A equipe mineira perdeu para o São Paulo – 2 a 0 –, num jogo em que o tricolor foi mais incisivo nos ataques desde o primeiro tempo. Rogério Ceni, numa penalidade que não ocorrera mas foi inventada pelo juiz, bateu o pênalti e fez o segundo gol (o primeiro foi de Lucas).

O Cruzeiro tem 57 pontos e está em terceiro lugar. Fluminense, com 58, é o líder. Corinthians, também com 57, está em segundo lugar. Já a outra equipe mineira, o Atlético, empatou hoje com o Gurani em 0 a 0. Com o resultado, o Galo está na décima sétima posição, na zona de rebaixamento.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

ELEIÇÕES 2010

Apesar dos poderosos Globo e Veja, Dilma Rousseff foi eleita presidente do Brasil. Com a eleição, Lula confirma sua força: seus índices de popularidade continuam altos e ele consegue eleger sua candidata. Como se não bastasse, é a primeira vez no Brasil que um presidente eleito pelo voto popular faz seu sucessor.

Em seu primeiro discurso após a confirmação de sua vitória, Dilma Rousseff disse que é desejo dela estender a mão para opositores políticos. Serra, em contrapartida, durante breve pronunciamento que fez após estar ciente do resultado da eleição, não abandonou o tom belicista da campanha.

O candidato do PSDB disse que não estava dando um adeus, mas um até-logo. Ainda não se sabe com certeza se com isso Serra queria dizer que é desejo seu disputar a presidência novamente. Mas ainda que seja, Aécio Neves já é apontado como forte candidato do partido nas próximas eleições para presidente.