segunda-feira, 26 de outubro de 2009

APONTAMENTO 75

Frequentemente me perguntam por que mantenho um blogue. Alguns chegam a dizer que manter um blogue, em meu caso, é perder tempo, já que não ganho dinheiro com isso. De fato, não ganho. Para se ganhar dinheiro com um blogue, é preciso que a página seja acessada por milhares e milhares de pessoas.

Há ainda quem argumente que o blogue é lido por uma minoria – no que estão certos. Mas fosse eu exigir numerosos leitores, eu jamais teria escrito nada – não somente aqui.

Ao manter o blogue, tenho a oportunidade de escrever com frequência – enquanto escrevo, curto. Isso, por si, penso, já justifica a existência do saite.

Recentemente, tenho postado o Caiu na Rede, que é atualizado semanalmente e que pode ser escutado por intermédio desta página.

Por fim, não fico com a imaginação estática. Se por um lado pode-se argumentar que não há prodígios arrebatadores por aqui, por outro, posso argumentar que estar envolvido com textos, fotos e áudios é um prazer.

Em nome da sanidade, temos de nos conceder alguns prazeres; sem eles, a vida seria ainda mais complicada. Em nome da sanidade, temos de atender ao que nos pedem a imaginação e a vontade.

A vida é cheia de burocracia e tolhimento; apesar deles, todos temos de vivê-la. Manter o blogue é mais uma tentativa de tornar minha vida menos burocrática, chata e monótona.

6 comentários:

Manoel Almeida disse...

Infelizmente, o sucesso e o dinheiro continuam ocupando o centro de nossas preocupações e talvez isso não mudará nunca. Afinal, não é o que temos ensinado para nossos filhos? Jamais se fez tão raro e necessário em nosso mundo espaços lúcidos, honestos e despretenciosos como este. Abraços!

Lívio Soares de Medeiros disse...

Obrigado mesmo, Manoel.

Gabriela Maria disse...

"a posteridade é muito comprida: me dá sono. Escrever com o olho na posteridade é tão absurdo como escreveres para os súditos de Ramsés II, ou para o próprio Ramsés, se fores palaciano. Quanto a escrever para os contemporâneos, está muito bem, mas como é que vais saber quem são os teus contemporâneos? A única contemporaneidade que existe é a da contingência política e social, porque estamos mergulhados nela, mas isto compete melhor aos discursivos e expositivos , aos oradores e catedráticos." Mário Quintana.

Lívio, eu costumo dizer q produzir, pra mim, o que quer q seja, é feliz em si mesmo. O seu blogue, pelo jeito, é feliz em si mesmo. Acho q essas são as nossas manifestações mais autênticas. Então que seja. =)

Lívio Soares de Medeiros disse...

Grato, Gabriela, não somente pela citação do Quintana, mas também por seu comentário, que foi feliz em si.

Eli Vieira disse...

É uma grande virtude, neste mundo, escolher construir quando destruir é mais fácil e às vezes mais lucrativo de um ponto de vista estritamente material.

O homem que constrói dialoga consigo e com o universo. Creio que era isso o que Michel de Montaigne tinha em mente quando se trancou na torre de seu castelo para ler e escrever.

Escrever é uma forma de construir, de protestar contra a efemeridade da vida - ainda que louvando-a - e afirmar propósitos na existência.

Lembro aquele seu poema que dizia "sempre volto a mim mesmo / não como quem fecha um círculo / mas como quem começa uma espiral".

Podem dizer que você está andando em círculos postando no seu blog, mas é gente que não olhou de perto e não viu que na verdade você está ascendendo numa espiral.

Lívio Soares de Medeiros disse...

Poxa, Eli, grato demais pelo comentário. Valeu.