quarta-feira, 13 de maio de 2009

APONTAMENTO 54

Neruda, em seu “Confesso que vivi”, fala da grande emoção que é para um escritor ver pela primeira vez um livro seu impresso.

Nunca tive o privilégio de ver nada meu impresso por alguma editora, já que os dois livros que lancei foram bancados por mim mesmo. Ainda assim, próximo ao lançamento do primeiro, lembrei-me da observação do Neruda.

Contudo, o curioso foi que eu me emocionei não quando vi o livro pronto, mas, sim, quando a gráfica me mostrou o que no jargão deles chamam de “boneco” – dobram algumas folhas de papel e nos entregam, para que a revisão final seja feita. O “boneco” já tem a diagramação pronta.

Quanto o peguei, eu já me emocionei, e logo me lembrei do comentário do Neruda. Pensei comigo: “Nossa! Se pegar o ‘boneco’ já é um barato, imagine quando eu pegar o livro mesmo!”. Entretanto, quando esse momento veio, não houve graça alguma: a emoção de ter em mãos o primeiro livro impresso havia sido “gasta” com o tal do “boneco”...

2 comentários:

Rose Gonçalves disse...

Sabe que você tem razão Lívio,o clímax da espera é de certa forma abafado com a finalização da obra.Não que o livro impresso não tenha valor,é óbvio que tem.Mas a sensação nítida é de que entregamos aquele bastão e precisamos iniciar uma nova corrida para tentar não deixar o outro cair e novamente ter a emoção de ter às mãos um novo "boneco"...

Nélio Lobo disse...

Toma que o boneco é teu!