segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

UM ALÔ

Hoje, fui levado a me lembrar de meu primeiro emprego. Eu tinha uns dez ou onze anos. Lembrando-me desse tempo, eu me lembrei de que a primeira vez em que falei ao telefone foi lá onde trabalhei nessa época, pois ainda não havia telefone aqui em casa.

O aparelho tocou e não havia ninguém por perto. Entrei em pânico, pois eu teria de atender. Nem me lembro se falei o nome da empresa ou um desajeitado alô. Quando a pessoa do outro lado começou a conversar, eu me embaralhei. Eu berrava que não estava entendo nada. A pessoa, por sua vez, com calma e paciência, tentava fazer com que eu entendesse a mensagem. Por fim, desistiu e desligou.

Voltei a trabalhar preocupado. Poderia ser alguma ligação importante. Talvez, o pedido de algum cliente... Assim que meu chefe voltou, disse que foi ele quem havia ligado. Gelei. Contudo, ele pareceu ter, sim, achado graça da situação. Enquanto comentava que havia sido ele quem ligara, estava sorrindo.

Naturalmente, ele foi meu primeiro patrão. Trabalhei para ele até mais ou menos os dezesseis anos, com algumas pausas. Compreensivo, sempre me liberava, sem queixas, para que eu pudesse freqüentar aulas de inglês. Hoje, por volta de 14h, fiquei sabendo que ele havia se suicidado no fim da tarde de ontem.

Um comentário:

Nélio Lobo disse...

Puxa vida, Lívio, que trágico. Seu ex-patrão parecia ser muito gente boa. Agora entendo a sua aversão a celulares...