sexta-feira, 21 de novembro de 2008

A SEPARAÇÃO

Já assisti a “Separados pelo casamento” (The Break-Up), do diretor Peyton Reed, diversas vezes. Foi veiculado como sendo comédia. Não penso ser o caso. Em minha opinião, o filme é um baita drama – com boa dose de humor, por paradoxal que isso possa parecer. As doses de humor do filme não me parecem fazer dele uma comédia, ao mesmo tempo em que lhe conferem verossimilhança e familiaridade. Ademais, bah, a vida mistura drama e humor.

Certo dia, Gary Grobowski (Vince Vaughn) e Brooke Meyers (Jennifer Aniston), casados e prestes a receber integrantes das famílias de ambos, começam a discutir porque ele chegara em casa com três limões – em vez dos doze pedidos por ela. Brooke quer a ajuda e a compreensão dele, pois muita coisa teria de ser feita na cozinha; Gary alega que trabalhou duro o dia todo. A discussão é interrompida com a chegada dos familiares. Embora o casal quase protagonize uma cena durante o jantar, em virtude de uma mesa de sinuca que Gary gostaria de ter no apartamento, terminam a refeição sem maiores solavancos. Quando as famílias vão embora o quebra-pau começa pra valer. Gary e Brooke se ofendem. Tem início a partir daí um cabo-de-guerra; vão tornando a vida a dois cada vez mais insuportável. A separação, já anunciada no título, vem de fato.

Gary e Brooke se querem. “Apenas” erraram no relacionamento. Da parte dela, faltou clareza ao dizer o que esperava de Gary; da parte dele, faltou abrir mão do egoísmo. À medida que o filme prossegue, aumentam as ofensas e a infantilidade de ambos, num joguinho bobo pra ver quem consegue magoar mais o outro. Conhecendo-se bem, sabem o que fazer a fim de que a ofensa seja incisiva.

O clima pesado e tenso não afugenta, contudo, o humor. A cena em que Richard (John Michael Higgins), irmão de Brooke, canta um trecho de “Owner of a lonely heart”, do Yes, é um barato. Há ainda cenas comoventes – sem pieguice: quando Brooke pede demissão a Marilyn Dean (Judy Davis), sua patroa e dona de uma galeria de arte, Marilyn, a despeito de toda a empáfia que faz questão de ostentar, dá a Brooke uma prova de amizade, confiança e compreensão, dizendo, em belas e poucas palavras, que as portas da galeria continuarão sempre abertas.

Quando digo que acho a Jennifer Aniston bonita, muita gente diz que não vê nada demais nela. Quando digo que a considero uma ótima atriz, já me perguntaram se eu estava brincando. Não estava – além de achá-la muito bonita, eu a considero mesmo uma ótima atriz. Não consigo imaginar uma outra pessoa na pele de Brooke Meyers.

Caso você alugue o DVD, não deixe de assistir, nos extras, a um fim alternativo para o filme...

2 comentários:

Anônimo disse...

Certo dia, comecei a assistir a esse filme, pela parte da discussão na cozinha por causa dos limões. Pensei que era um seriado! Só agora descobri que é um filme! Assisti apenas até a parte em que Gary é enxotado do salão de boliche. Não continuei a assistir a "pelicula" porque achei que o seu humor dá uma aparência boa a algo ruim, isto é, a desintegração de um relacionamento, de um casamento pela leviandade dos cônjuges!

Anônimo disse...

Gostaria de completar meu comentário a fim de não dar margens a interpretações ambíguas a ele. Como católico, gostaria de deixar claro que para os católicos o casamento é indissolúvel por natureza. Cito o Catecismo da Igreja Católica, parágrafo nº 2382: " O Senhor Jesus insistiu na intenção original do Criador, que queria um casamento indissolúvel ( Cf. Mt 5,31-32; 19,3-9; Mc 10,9; Lc 16,18; 1Cor 7,10-11.). Abroga as tolerâncias que se tinham introduzido na Lei antiga (cf. Mt 19,7-9.).
Entre batizados, 'o matrimônio ratificado e consumado não pode ser dissolvido por nenhum poder humano nem por nenhuma causa, exceto a morte' (CIC, cân. 1141.).
Espero ter tornado claro meu pensamento.