Bolsonaro não é a vitória do PSDBismo, mas é a do neoliberalismo. Seja ao modo de FHC, seja ao modo de Bolsonaro, o neoliberalismo não se importa com pessoas, pois o deus dele é o mercado. Havendo lucro, a morte de um ou de milhões é indiferente. Em FHC, o neoliberalismo usou disfarce de civilidade; em Bolsonaro, escancarou o desprezo que tem por gente.
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021
O velho neoliberalismo
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Efeitos
Ontem, o presidente falou de supostos “efeitos colaterais” do uso de máscaras. A “fonte” seria “uma universidade alemã”. Naturalmente, o mandatário não especificou qual universidade, e ainda que tivesse especificado, esses supostos efeitos colaterais seriam menos expressivos do que a morte. Também ontem, no Brasil, a covid-19 matou 1.582 pessoas. A ignorância presidencial tem seus efeitos.
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sábado, 20 de fevereiro de 2021
Apontamento
No ano passado, Romeu Zema, referindo-se ao corona, disse que “o vírus precisa viajar”. Ele foi muito bem recebido em Patos de Minas.
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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021
Outros dois brasileiros
— Não vou tomar a vacina.
— Nem eu. Fiquei sabendo que ela é parte de um plano dos comunistas pra dominar o mundo.
— Sim, e o pastor lá da igreja disse que a vacina tem um chipe que faz as pessoas perderem a fé.
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Casa
Cada um da família
num lugar da casa.
A construção
tem muitos cômodos.
Cada um da família,
muitos incômodos.
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Instâncias de uma torneira
A torneira da pia vinha me avisando que morreria em breve. Não querendo sair por causa da pandemia, que não é “só uma gripezinha”, fiquei adiando a substituição da torneira, que, ontem, não mais resistiu. Tendo ela parado de funcionar, fui a uma loja de material de construção.
Quando lá cheguei, o vendedor me perguntou se a torneira era de bancada ou se estava fixada numa parede (os cômodos de minha casa convivem comigo há uns vinte e sete ou vinte e oito anos). A pergunta desestruturou aquilo de que sou feito, pois eu simplesmente não me lembrava se a moribunda torneira era de bancada (não sei o que é uma bancada) ou se estava fixada numa parede. Mesmo sabendo o que é uma parede, eu não me lembrava se a torneira estava fixada numa.
Segundos se passaram. Para que o bagaço em mim não ruísse sobre o piso de uma loja de material de construção, saí de lá e vim aqui conferir a torneira, que estava quietinha, fixada numa parede. Voltei à loja. Escolhido o modelo da torneira, o vendedor me entregou um papelzinho e apontou um caminho a seguir.
Cheguei ao caixa, paguei. A atendente, depois de me entregar um papel, disse-me que eu teria de atravessar a rua para buscar a torneira. Atravessei, cheguei a um cômodo em cuja entrada havia uma placa na qual se lia “Clientes”. Um funcionário me disse que eu teria de passar por um largo portão e procurar por uma janela de vidro que ficava à esquerda do portão; diante dele, um funcionário me indicou a direção da janela de vidro.
Cheguei a ela. Do outro lado do vidro escuro, eu não conseguia enxergar direito a funcionária; ela me disse algo que não consegui escutar com exatidão. Ela ergueu a voz. Continuei não escutando, mas supus que ela estava me pedindo o papel que me havia sido entregue quando paguei pela torneira.
Entreguei o papel para a funcionária. Ela se movimentou; segundos depois, devolveu-me o papel e apontou um caminho; eu deveria cruzar um pátio e chegar a um cômodo em cuja parede havia, salvo engano, o número 415. Atravessei o pátio. Entrei no cômodo 415, portando o papel que me havia sido entregue pela funcionária que trabalha atrás do vidro escuro.
Entreguei o papel a um jovem, que logo se afastou e foi buscar a torneira. Quando voltou, o jovem, além da torneira, entregou-me um pedaço de papel, dizendo que eu deveria mostrá-lo ao senhor que estava na entrada (ou na saída) do depósito. Quando mostrei o papel ao senhor, ele pegou a sacola em que estava a torneira, retirou-a, leu o papel que me fora entregue momentos antes pelo jovem, leu a embalagem da torneira. Comparou o quê com não sei o quê e me liberou. Kafka é aqui.
Eu não saberia substituir a torneira morta pela torneira jovem. Entrei em contato com um amigo, que fez a substituição. Dentro da pia, uma tonelada de coisas a serem lavadas. Fiz a estreia da nova torneira. Como a anterior estava difícil de ser manejada, lidar com a nova me deu ânimo súbito para a chata tarefa de lavar louças e utensílios.
Não ficaram nem mais limpos nem mais sujos do que ficavam quando eram lavados diante da torneira velha. Ela estava recalcitrante, é verdade, mas não é a torneira, desde que ela funcione, ainda que capengando, que definirá o quão limpas as louças ficarão. A torneira nova, é verdade, facilitou o trabalho, sem, todavia, em si e por si, fazer com que eu me tornasse um exímio lavador de talheres, de vasilhas e de similares.
Recentemente, comprei nova câmera fotográfica, depois de supor que minha anterior havia morrido em definitivo. Não havia; foi possível consertá-la. Antes do conserto, eu comprara uma câmera nova, que facilita meu trabalho, pois as especificações dela são melhores do que as da anterior. Não tenho feito registros melhores com a nova câmera, pois não é uma torneira nova que faz com que as louças fiquem bem lavadas.
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terça-feira, 16 de fevereiro de 2021
Todos
Os coronéis de Patos de Minas.
Os trabalhadores de Porto Seguro.
Os que votaram na “nova” política.
Os que não elegeram milícias.
Os evangélicos que defendem tortura.
Os que amam o próximo.
Os que tomam cloroquina.
Os que usam máscara.
Os que tomam ivermectina.
Os que se informam.
Os que se aglomeram.
Os que entendem a solidão.
Os que acreditam que a Terra é plana.
Os que gostam de se divertir com uma bola.
Os que defendem tortura.
Os que têm coragem de amar.
Os que defendem ditaduras.
Os que querem um mundo sem Ustras.
Os que acreditam que é “só uma gripezinha”.
Os que sabem ler.
Os que creem que o “mito” é divino.
Os que sabem do mandatário miliciano.
Os que acreditam em seu deus.
Os que não precisam de deuses para serem bons.
Os que acreditam em chipe na vacina.
Os que buscam entender a diferença entre vírus e bactéria.
Os que alegam que orações destroem epidemia.
Os que investem na ciência.
Os que dividiram o pagamento da arma em 10 vezes.
Os que terminaram de ler mais um livro ontem.
A covid não faz distinção entre uns e outros.
Estão todos enterrando os seus.
A covid não separa uns dos outros.
Todos podem ser enterrados amanhã.
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sábado, 6 de fevereiro de 2021
Ilusão
Os que apoiam o governo genocida têm a ilusão de que a vida deles é importante para o governo genocida.
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Dois brasileiros
José ofereceu caixas de ivermectina para Pedro. José garante que não teve covid porque tomou o remédio. Disse ter achado um absurdo o laboratório que fabrica o medicamento ter dito que ele não funciona contra a covid. Pedro concordou. Comprou metade do estoque de José.
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