quarta-feira, 31 de julho de 2013

PESSOAS

É imperioso que 
eu seja Lívio, 
queira eu ou não. 
Que eu me torne, 
mas, ainda assim, 
por que esta espécie 
de certeza de que 
Bernardo Soares sou eu?

segunda-feira, 29 de julho de 2013

LUZINDO

És diáfana.
A luz que recebes,
tua se torna.

Sendo tua,
é daqueles que
contigo estão.

domingo, 28 de julho de 2013

UM PEDAÇO DO MUNDO

Fotografar é fazer uma escolha. Primeiro, a escolha do assunto; depois, o modo como fotografá-lo. Fotografar é fatiar o mundo, pois ele não cabe todo na moldura fotográfica: quem fotografa faz um recorte. Mesmo uma paisagem ampla, fotografada com uma grande angular, é um recorte do mundo. Não há fotografia que abarque todas as coisas: fotografar é escolher.

Diante da inevitabilidade dessa escolha quando se fotografa, surge um impasse curioso: se mostrar as coisas todas é impossível, como fatiá-las, sem, contudo, deixar de oferecer um vislumbre da riqueza que o todo tem? 

Mesmo a mais ampla paisagem é uma ínfima parte do todo; uma abelha é uma ínfima parte do todo. Fotografar é sempre registrar um pedaço da beleza do todo. Entretanto, toda fotografia é fractal: o olho de uma pessoa é reflexo do todo; uma ampla paisagem ou uma abelha são reflexos do todo. Fotografar uma libélula ou um lago é fotografar o todo. Conhecer o detalhe é conhecer o todo. Não importa a escala: aquele que tira uma foto fotografa o todo. Cada coisa, em si, contém o Universo.

Isso acaba nos levando a uma instigante relativização entre o micro e o macro: o ambiente da flor é a árvore; o ambiente da árvore é, por exemplo, o Cerrado; o ambiente do Cerrado é a Terra; o ambiente da Terra é o sistema solar; o ambiente deste é o Universo...

É sempre curioso conhecer o ambiente ou os arredores de uma fotografia. Fotografa-se, por exemplo, uma flor e o ambiente em que ela está. Depois, olha-se detidamente as duas fotos. Muitas das vezes o ambiente parece não comportar o que a fotografia de um detalhe revela.

Esse exercício, digamos assim, revela outro aspecto que é definidor do que é a fotografia: o olhar do fotógrafo. Esse olhar é o que nos oferta, por fim, um vislumbre da riqueza do todo. Uma coisa é uma “simples” árvore à beira de uma rodovia; outra coisa é a percepção de que essa árvore possibilita uma fotografia. A fim de ilustrar essa ideia, posto estas duas fotos. A primeira delas é um detalhe da árvore; a segunda, a árvore em seu ambiente.



quinta-feira, 25 de julho de 2013

ATLÉTICO CAMPEÃO DA LIBERTADORES

Considero que a defesa de pênalti do Victor, no finzinho do segundo tempo, contra o Tijuana, foi o grande lance do futebol neste ano até agora. Vieram depois cobranças de pênaltis contra o Newell’s Old Boys e contra o Olimpia. 

Mesmo assim, a defesa do Victor naquela partida pareceu-me mais emocionante. Mais até do que a disputa de penalidades no jogo desta noite de quarta para quinta. Para o atleticano, parece-me óbvio que a partida realizada na noite passada é mais significativa, mas para quem curte futebol como um todo, aquela defesa contra o Tijuana é memorável.

Sem levar isso em conta, a disputa contra o Olímpia, realizada ontem no Mineirão, foi um jogo ruim. No todo, sem criatividade, monótono, com o Atlético insistindo em jogadas aéreas ou em usar Jô em seu já tradicional, no Atlético, papel de pivô. Ele acabaria fazendo o primeiro gol do time mineiro, não por mérito na construção de uma jogada atleticana, mas, sim, por erro do Olimpia. O jogo foi truncado, as jogadas não fluíam. 

Quando o time paraguaio passou a atuar com um jogador a menos e veio a prorrogação, era natural que se pensasse que o Atlético conseguiria fazer o terceiro gol, o que eliminaria a cobrança de pênaltis. Como isso não ocorreu, a equipe belo-horizontina teve de decidir, mais uma vez, em penalidades máximas.

Mesmo não tendo jogado um futebol tão brilhante quanto o que jogou no começo do torneio, o Atlético merecia o título. Além do mais, o time tem torcedores carentes de conquistas expressivas. A Libertadores é um prêmio a uma torcida pungente. Depois da partida, Cuca, o técnico, num desabafo bacana, disse: "Não tem mais azar p... nenhuma". Parabéns para o Cuca, parabéns para o Atlético.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

O FOTÓGRAFO PROFISSIONAL

O que é um fotógrafo profissional? É aquele que, no momento do clique, tentar fazer a melhor foto do mundo, não importa o que esteja sendo fotografado. A foto pode ficar ruim, mas a intenção era fazer algo que contivesse excelência.

Para que a intenção de se clicar a melhor foto do mundo se concretize, esse fotógrafo se vale de tudo o que ele puder, de todos os recursos que tiver à disposição. A técnica é um recurso, o equipamento é um recurso, um tripé ou um “flash” são recursos.

Fotografar no manual é mais um recurso. É um jeito de “prever” o resultado, de dar à imagem um toque pessoal. É ter uma certa possibilidade de controle sobre a luz. Mas compor uma imagem é dar um toque pessoal também. Fotografar no manual não é o grande definidor de um profissional. Tanto é assim que é possível fotografar no manual e se produzir fotos ruins.

O profissional de verdade quer a excelência. Há um sem-número de fatores envolvidos nessa excelência. Mas o princípio do profissionalismo, não importa o equipamento, não importa a temática, é a excelência. Isso começa antes do clique.

Pode-se ter em mãos uma compacta. Se o sujeito, ao fotografar, teve em si o real desejo de fazer um belo trabalho, ele tem atitude de profissional, apesar de não estar com um equipamento caríssimo em mãos.

É preciso haver a busca, repito, da excelência, da perfeição: caprichar nas composições, saber evidenciar o assunto principal, ser atento. O fotógrafo de verdade não aparece só quando ele clica. Há toda uma concepção de vida e de mundo envolvida. Quem é artista, é artista em tempo integral, e não somente quando exerce seu trabalho; quem é profissional, é profissional em tempo integral, e não somente quando exerce seu trabalho.

O trabalho verdadeiramente profissional traz toda uma bagagem de vida, todo um modo de pensar as coisas, o mundo, a vida, o ser humano. Tudo isso vem “embutido” em qualquer clique de quem é profissional, de quem é artista.

Fotografar é bem mais complicado do que ficar em frente ao espelho, fazer poses sensuais e postar as imagens no Facebook. A fotografia profissional é expressão de um modo de encarar as coisas, de olhar para a vida, o Universo. Um “simples” clique é revelador do que a pessoa é. Cada gesto nosso é revelador do que somos. 

O que torna alguém profissional é o cuidado, a atenção, a vontade de aprender, o olhar atento, a sensibilidade, a inteligência, o talento. Isso, não há apostila nem curso de fotografia que ensine. Leia muito, aguce a sensibilidade, o pensamento, as ideias; analise fotos, detenha-se sobre pinturas. Sua fotografia será o resultado de tudo isso.

"FAÇA-SE LUZ"

Ontem, a partir do começo da noite, parte do bairro em que moro ficou aproximadamente três horas sem luz, tanto nas ruas quanto nas casas. No escuro, peguei uma lanterna e a usei para algumas fotos. Eis parte delas.








sexta-feira, 5 de julho de 2013

LETRA DE MÚSICA 37

Eu já vivera o bastante quando você chegou.
Mas eu não vivera de verdade antes de você.
Obrigado por me ensinar que eu não deveria
lamentar o tempo que nos separa, mas cantar
o instante em que nós compartilhamos o agora.

Você é o amor, e o amor é que escolhe a hora.
Eu tinha comigo que não saberia o que é amar.
Hoje, graças a você, não há mais inquietação.
Dia a dia, cuidando de mim, cuidando de nós.
Confiro a hora, vou até você, a gente vai por aí.

CONTOS DE POE


Cheiroso, bonito e inteligente: o que mais uma pessoa haveria de querer em um... livro?...

Assim é "Contos de imaginação e mistério" (2012), de Edgar Allan Poe, lançado pela editora Tordesilhas. A tradução é de Daniel Abrão.

A edição tem capa dura e sobrecapa. Mas o charme não para por aí. O prefácio é de Baudelaire, entusiasta da obra de Poe. Para completar a beleza do trabalho, os contos são ilustrados por Harry Clarke.

Embora conhecedor da maioria das vinte e duas histórias que compõem o livro, não pude resistir à edição. É o tipo de livro que vale, também, pela beleza que tem. Uma publicação à altura do genial contista e poeta que Edgar Allan Poe foi.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

FOTOPOEMA 323

GIRASSÓIS

Sempre acontece de o Nivaldo, meu irmão, ser o responsável por fotografias que tiro. Com as desta postagem não foi diferente: graças a ele, pude fazer as fotos, pois foi o Nivaldo quem me falou dos girassóis e quem me levou até eles para que fossem fotografados.