segunda-feira, 8 de agosto de 2016

A política local — minha “contribuição”

Não é segredo para ninguém que trabalhei numa das empresas de um dos grupos políticos da cidade. Reitero: trabalhei numa das empresas. Como patrões, fizeram a parte deles; como empregado, tentei fazer a minha.

A relação era profissional. Jamais me envolvi na disputa política nem desse nem daquele grupo; nunca fiz campanha para nenhum deles, justamente por ser desejo meu ter a cidade representada por pessoas que não coadunem com nenhum dos grupos políticos que se revezam há décadas no poder local.

Jamais estabeleci, seja com que político for, relação que não fosse profissional, justamente para me manter à vontade para não me envolver e à vontade para me posicionar como cidadão e como eleitor. A já tão incensada aliança entre os grupos políticos locais não me seduz, como não me seduziria a não aliança entre eles.

O texto a seguir, a despeito da tentativa de humor de que se vale, tem, justamente nessa tentativa, o descontentamento meu. Foi o modo que achei de ser incisivo quanto ao cenário político daqui. Na leitura do que se segue, é preciso que você ative o senso de ironia, de sarcasmo ou de cinismo.

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Há uma foto circulando nas redes sociais em que os dois mandantes dos grupos políticos locais estão à mesma mesa. Sobre ela, há quitutes e xícaras de café. Um dos comensais está mastigando algo; a maioria dos demais olha para a lente da câmera. Os sorrisos são discretos. Há seis pessoas na foto.

A aliança entre os dois grupos já vinha sendo ventilada há meses. Uma vez confirmada, isso vai facilitar demais a vida dos redatores na campanha política. Terão clima de tranquilidade para redigir seus textos. Nem precisarão se esforçar a fim de produzir discursos que se queiram retumbantes.

Dando minha contribuição para esse cenário, deixo, a seguir, um discurso, que pode ser adaptado ou modificado a bel-prazer, de acordo com o que pedirem as circunstâncias. O texto é um esboço em que os dois grupos podem se pautar quando apresentarem o programa de poder que estão urdindo.

Com o objetivo de acentuar o congraçamento, pode-se escolher um líder de cada grupo: o líder A leria o primeiro parágrafo; o líder B, o segundo; o líder A, o terceiro; o líder B, o quarto — e assim por diante. Numa outra ocasião, o líder B leria o primeiro parágrafo; o líder A, o segundo; o líder B, o terceiro; o líder A, o quarto — e assim por diante. Ficaria muito... fofo... Eis, pois, a seguir, minha colaboração para o debate político local.
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O mundo vive novos tempos. Patos de Minas não pode ficar para trás. Nossa cidade, que sempre esteve à frente dos ventos que trazem as grandes mudanças e as grandes novidades, não pode perder o trem da história. Se por um lado não podemos abrir mão de nossas tradições, por outro, não podemos deixar de estarmos em sintonia com o que há de moderno e de pulsante nos tempos que correm.

Novos tempos pedem novas atitudes, novas abordagens, novos enfoques. Diante disso, para nós, integrantes dessa aliança, é um prazer unir dois grupos que, apesar das diversidades políticas, sempre tiveram um bem em comum; esse bem em comum é o bem que queremos para nossa querida e amada Patos de Minas.

Nós percebemos que é hora de deixarmos rivalidades políticas para trás. Como nunca, é hora de lutarmos em prol da nossa Patos de Minas. Tendo em mente o futuro dos patenses, decidimos que este é o momento de unirmos forças. A força de um grupo; a força do outro grupo. O que até agora foi rivalidade política vive, nestas eleições, um novo tempo. O que até agora foi rivalidade política se transforma em vontade de fazer uma Patos de Minas pronta para os desafios que virão.

A vida e a política ensinaram aos dois grupos que a união é mais forte do que a individualidade. Acertos foram feitos, arestas foram eliminadas. O que temos agora é uma aliança que dará ao futuro de Patos de Minas novos ares, novos líderes. Patos de Minas terá, a partir de agora, um novo desenvolvimento, uma nova pujança, uma nova força motora que conduzirá a cidade a um patamar jamais sonhado pelos líderes políticos que vieram antes de nós.

Neste momento ímpar da história patense, pedimos aos eleitores do grupo A ou do grupo B que deixem para trás as rivalidades, os ataques, as farpas, as picuinhas. O momento é de união, de congraçamento. Vamos unir inteligências dos grupos para que possamos criar uma cidade mais próspera do que ela já é.

Eleitores, é hora de encarar o futuro com ousadia, com felicidade. É hora de deixar de lado as diferenças de opinião e de unir forças para que a grande vitoriosa seja a população da nossa poderosa, amada e pulsante Patos de Minas. Vocês, eleitores, são os vitoriosos. Nós, ao juntarmos forças, estamos apenas atendendo ao chamado que veio das ruas. Nós existimos para servir o eleitor. Nossa missão é fazer com que seu voto, eleitor, seja o pontapé inicial para o crescimento, para a mudança, a educação, a saúde, o lazer.

Patos de Minas é maior do que o grupo A ou o grupo B. O eleitor é maior do que qualquer rivalidade política que possa ter existido no passado. Diante desse fato inegável, é que estamos aqui, diante de vocês, para que abracem a causa da união, do desenvolvimento. É hora de nos darmos as mãos. É hora de, num só abraço, elegermos uma cidade pronta para os desafios do mundo de hoje. 

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