terça-feira, 18 de abril de 2017

Rio fluente

A cidade é rio de janeiro.
Tu és rio de novembro.
Eu sou rio de outubro.

Deságua em mim
para que eu deságue em ti.
Duas águas, um rio.
O poema é rio que não seca. 

Renascer

Que nascemos, sabemos.
Depois de nascer, renascer.
Viver entedia.
O renascimento 
mostra que não 
fizemos nascer 
tudo o que nasceu 
desde que nascemos.
O renascimento é 
vislumbre de vida no que
já não era susto nem espanto,
ser inédito em velho corpo.
Quem renasce quer viver mais.
Não basta nascer.
Vida que vale a pena renasce. 
Tu renasces. 

Preliminares

Quando estás por perto
é o amor que está ao lado.
Tua presença é amor.
Teu corpo, exalando amor,
recebe o amor meu que é teu.

Nosso amor está deitado e junto.
Mas já era cultivado fora daqui. 
Estava sendo feito fora do quarto.
Nossas palavras, desejo verbalizado.
O amor que fazemos é 
construído fora da cama, 
a chama é acesa à distância.
Os corpos unidos, expressão 
de desejos acalentados, prementes.
A epiderme se regozija
no que o desejo havia atiçado. 

O rio do amor

Amor é rio caudaloso.
Em seu caminho,
se preciso, 
corre fora das margens; 
em sua lógica, 
se necessário,
corre montanha acima. 

Lua minha e tua

Eu olho para a Lua.
Tu olhas para a Lua. 
Nosso mesmo amor
olha para a Lua.
Que a mesma Lua
que olhamos
olhe por nós.