terça-feira, 3 de julho de 2018

Oito de julho de 2014

O brasileiro tem vontade de gostar do Brasil, ele quer gostar do Brasil, o que, evidentemente, é ótimo. O lado ruim da questão é que no afã de gostar do país em que nasceu ou em que vive, muitos se apegam a ilusões que não são a essência do que é ser ou edificar uma nação.

Desde quando comecei a lidar com internete, tenho falado sobre futebol, esporte que julgo épico, conforme o que já escrevi. Dito isso, reafirmo que não sou antifutebol. Do que não gosto, é saber que a beleza desse esporte, quando jogado em alto nível, está nas mãos de pessoas que estão se lixando para o esporte do Brasil.

O jeito de alguém torcer é reflexo do que esse alguém é em outros aspectos da vida. Se ele não se preocupa em se informar (sobre o futebol), contentando-se apenas em torcer, isso acaba criando uma cultura que nada acrescenta para ele nem para o esporte. Zoar é uma coisa; levar a sério certas mentiras contadas sobre o futebol praticado aqui é outra.

Depois da eliminação da Alemanha na Copa 2018, ex-jogadores e torcedores brasileiros divulgaram em suas postagens que a organização do futebol alemão nada tem para ensinar para o brasileiro. Disseram platitudes usuais tais como “só o Brasil tem cinco estrelas”, “é preciso respeitar o futebol brasileiro”... Ironizaram o jeito alemão de tratar o futebol deles. Declarações assim somente reafirmam o lado ruim do jeitinho brasileiro.

Quanto à Alemanha, o fato de ela ter sido eliminada na primeira fase desta Copa de 2018 não apaga o vexame do Brasil em 2014, lá em Belo Horizonte. Dizer que a organização da Alemanha não tenha valido a pena por ela ter sido eliminada na primeira fase desta Copa é se esquecer da tunda de 7 a 1 que o Brasil levou.

É justamente o que parte da mídia prega, o esquecimento do avassalador 7 a 1. Fosse haver alguma responsabilidade por parte dessa mídia que prega o olvido ou prega a ausência de informação por parte de torcedores que querem amenizar a derrota do time brasileiro aqui no Brasil, o 7 a 1 não deveria ser esquecido, mas, sim, usado para se aprender alguma coisa.

Todavia, isso não vai ocorrer. A imagem de que somos o país do futebol é mais forte do que qualquer vontade de estudar, de aprender, de ler ou de assumir que a organização de nosso futebol, mancomunado com os barões da mídia, é de um amadorismo que atravanca o progresso desse esporte por aqui. Fia-se no talento, no improviso, no jeitinho; prefere-se ignorar os fracassos. Mas isso não é novo. O jeito de parte do brasileiro e de parte da mídia lidar com o futebol é o mesmo quando se trata de outras questões importantes. 

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